Relação entre Brasil e China vive melhor momento, diz Xi Jinping – AJN1

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Xi Jinping

O presidente chinês, Xi Jinping, que está em visita de Estado ao Brasil nesta quarta-feira (20), declarou que as relações entre as duas nações estão em seu auge histórico. O chefe de Estado da China foi acolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Palácio da Alvorada, sede oficial do governo. Juntos, eles firmaram 37 novos acordos bilaterais.

“Tive um encontro amigável, cordial e produtivo com o presidente Lula. Realizamos uma análise do vínculo entre a China e o Brasil nos últimos 50 anos. Concordamos que este laço está vivendo o seu melhor momento até agora. Ele apresenta uma importância estratégica global e de longo prazo cada vez mais evidente. Além disso, se tornou um modelo de como os grandes países em desenvolvimento podem progredir juntos por meio da solidariedade e da cooperação”, declarou o presidente em uma entrevista à mídia.

A China ocupa a posição de segunda maior economia do mundo e tem sido o principal aliado comercial do Brasil desde 2009, sendo responsável por mais da metade do superávit comercial anual do Brasil.

A programação em Brasília acontece logo após a presença do líder chinês na Cúpula do G20, que aconteceu no Rio de Janeiro e foi finalizada nesta terça-feira (19).

Ademais, trata-se de uma resposta à viagem de Lula à China em abril de 2023 e acontece em comemoração aos 50 anos de relações diplomáticas entre as duas nações, completados neste ano.

Após a reunião com Xi Jinping, o presidente Lula divulgou uma declaração na qual anunciou o aprimoramento do relacionamento bilateral, que agora é considerado uma "Parceria Estratégica Global com o nível de Comunidade de Futuro Compartilhado, voltada para um Mundo mais Justo e um Planeta Sustentável".

"Lula declara: 'Estamos comprometidos em solidificar nossa parceria para os próximos 50 anos em setores como infraestrutura sustentável, transição energética, inteligência artificial, economia digital, saúde e aeroespacial'."

O presidente destaca a importância da colaboração entre as nações.

"Assim sendo, iremos criar sinergias entre as iniciativas brasileiras de desenvolvimento, como a Nova Indústria Brasil (NIB), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Programa Rotas da Integração Sul-Americana, e o Plano de Transformação Ecológica, além da Iniciativa Cinturão e Rota. Para tornar essas sinergias uma realidade, serão formadas duas Forças-Tarefa: uma voltada para Cooperação Financeira e outra para Desenvolvimento Produtivo e Sustentável, que deverão apresentar projetos prioritários em até dois meses", afirmou.

Xi Jinping ressaltou, como um exemplo, o papel do Brasil e da China como as duas maiores nações em desenvolvimento de suas respectivas regiões, afirmando que ambos ocupam uma posição de destaque nas expectativas dos países do que é conhecido como Sul Global — uma expressão geopolítica que se refere a nações com características econômicas e sociais semelhantes, especialmente na América Latina, África e Ásia.

“Segundo o presidente chinês, a China e o Brasil precisam assumir ativamente a importante responsabilidade histórica de proteger os interesses compartilhados das nações do Sul Global e de fomentar uma ordem mundial mais justa e equilibrada.”

Ele ainda fez uma defesa pelo aumento da presença dos países em desenvolvimento nas instâncias de governança global.

"Concordamos, ainda, que China e Brasil devem aprofundar a cooperação em fóruns multilaterais, como as Nações Unidas, o G20 e o Brics, no combate à fome e à pobreza", acrescentou.

"Defendemos a transformação da governança global e a criação de um sistema internacional que seja mais democrático, justo, igualitário e sustentável ambientalmente. Em um mundo permeado por conflitos armados e tensões geopolíticas, China e Brasil priorizam a paz, a diplomacia e o diálogo. Agradeci a participação no Chamado à Ação pela Reforma da Governança Global que o Brasil apresentou no contexto do G20", afirmou Lula em sua declaração, alinhando-se com seu parceiro.

Tanto Lula quanto Xi Jinping discutiram a situação das guerras que têm acontecido ao redor do mundo e advocate soluções políticas para acabar com os conflitos.

“Não conseguiremos jamais superar o desafio da fome enquanto persistirem as loucuras das guerras. A Aliança Global contra a Fome, que foi apresentada oficialmente há apenas dois dias, é uma das ações mais significativas da presidência brasileira no G20. A China se mostrou um aliado fundamental nessa iniciativa para restaurar a dignidade às 733 milhões de pessoas que sofrem com a fome ao redor do mundo, no século XXI. Sem paz, o planeta não conseguirá também desenvolver soluções para a crise climática”, afirmou Lula.

O presidente do Brasil mencionou o acordo estabelecido com a China, que sugere uma solução política para o conflito na Ucrânia.

De acordo com o presidente da China, a paz global ainda é uma realidade distante, pois muitas áreas enfrentam guerras, conflitos, agitações e instabilidade.

"A humanidade forma uma comunidade de segurança que não pode ser dividida. Somente ao adotarmos uma perspectiva de segurança que seja compartilhada, abrangente, colaborativa e sustentável, poderemos estabelecer um caminho para a segurança a nível global. Em relação à crise na Ucrânia, já destaquei diversas vezes que não há uma solução simples para um tema tão complexo. China e Brasil formularam declarações conjuntas sobre uma resolução política para a crise ucraniana e formaram um grupo de amigos pela paz. Precisamos reunir mais vozes que promovam a paz e busquem tornar viável uma solução política para a crise na Ucrânia", afirmou.

Em relação ao conflito na Faixa de Gaza, que foi invadida por Israel, o presidente da China declarou que a situação humanitária continua a se agravar. Ele solicitou um maior esforço da comunidade global para implementar um cessar-fogo imediato e proporcionar ajuda humanitária, além de defender que uma solução permanente deve garantir a convivência de dois Estados.

Lula e Xi Jinping devem se reunir novamente no próximo ano, quando o Brasil acolherá uma nova cúpula dos Brics em julho. A presença do líder chinês também é esperada na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), programada para o final do ano que vem em Belém.

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