EUA não participarão de retaliações contra o Irã, diz Casa Branca

15 Abril 2024
Ira

Um informante da Casa Branca relatou que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, advertiu Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, de que seu país não se envolverá em uma ofensiva contra o Irã no caso de uma retaliação israelense após um ataque noturno com drones e mísseis em território israelense.

A possibilidade de um conflito declarado entre os inimigos históricos do Oriente Médio, que envolve os Estados Unidos, tem gerado forte preocupação na região, fazendo com que líderes globais e países árabes apelam pela prudência a fim de conter uma nova escalada bélica.

No último domingo, a imprensa estadunidense divulgou que Biden teria comunicado a Netanyahu que não se envolveria em medidas punitivas, conforme um telefonema realizado durante a noite. Tal informação foi ratificada a Reuters por um membro da equipe da residência presidencial.

John Kirby, o principal responsável pela comunicação da segurança nacional da Casa Branca, afirmou ao programa This Week da ABC que os Estados Unidos vão continuar prestando auxílio a Israel para a sua defesa, mas não desejam envolver-se em conflitos bélicos.

No dia 1º de abril, as forças iranianas iniciaram uma ofensiva em resposta a um alegado ataque israelense ao seu consulado na Síria, que resultou na morte dos principais líderes da Guarda Revolucionária. Antes disso, havia ocorrido meses de tensão entre Israel e os aliados do Irã na região, decorrentes da guerra em Gaza.

Apesar disso, o ataque proveniente de solo iraniano com mais de trezentos mísseis e drones resultou em somente danos menores em território israelense, visto que grande parte foi neutralizado graças ao auxílio de Estados Unidos, Reino Unido e Jordânia.

Uma instalação da Força Aérea situada no sul de Israel foi atacada e atingida. Entretanto, ela permaneceu funcionando sem maiores contratempos, tendo apenas uma criança de sete anos sido gravemente ferida pelo impacto dos estilhaços. Outros danos importantes não foram relatados.

Neste domingo, dois importantes ministros em Israel indicaram que uma retaliação iminente não é provável e que o país não tomaria medidas sozinho.

Antes de uma reunião do gabinete de guerra, o ministro de centro Benny Gantz afirmou que é preciso estabelecer uma coalizão regional e, assim, identificar o momento e forma adequados para que o Irã arque com as devidas consequências.

Segundo o Ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, há uma chance de forjar uma aliança estratégica contra este perigoso risco do Irã, que planeja instalar bombas nucleares em seus mísseis. Tal ação pode apresentar um risco extremamente sério. O Irã afirma não ter buscado armas nucleares.

Na televisão, o major-general Mohammad Bagheri, chefe do Estado-Maior do exército iraniano, avisou que, caso Israel contra-ataque o Irã, "nossa resposta será muito mais intensa do que o ataque militar desta noite". Bagheri também declarou que as bases dos Estados Unidos poderiam sofrer ataques se eles ajudassem Israel na retaliação.

Amir Abdollahian, o ministro iraniano das Relações Exteriores, afirmou que o governo de Teerã comunicou aos Estados Unidos que seu ataque a Israel seria apenas "limitado" e com o fim de se defender, acrescentando que os países vizinhos também foram informados com uma antecedência de 72 horas sobre os ataques que foram planejados.

De acordo com um representante diplomático da Turquia, o Irã notificou previamente tal acontecimento à Turquia.

O Irã afirmou que o ataque visou a punir "ações israelenses criminosas", mas agora está dando o caso por encerrado.

A Rússia, a China, a França e a Alemanha, juntamente com os países árabes, como o Egito, o Catar e os Emirados Árabes Unidos, emitiram um apelo para que haja prudência, e uma convocação para uma reunião do Conselho de Segurança da ONU foi agendada para este domingo.

Durante sua visita à China, o chanceler alemão Olaf Scholz afirmou que fará o que for necessário para evitar qualquer tipo de aumento da tensão. Ele ainda ressalta a importância de alertar todos os envolvidos, em especial o Irã, para que evitem seguir nessa direção.

A Turquia comunicou ao Irã que não deseja mais conflitos na região.

James MacKenzie, em Jerusalém; Parisa Hafezi, em Dubai; Jeff Mason, em Washington; Suleiman al-Khalidi, em Amã; e Nidal al-Mughrabi, no Cairo, contribuíram com esta reportagem.

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