Ismail Haniyeh, líder do Hamas, é assassinado no Irã; grupo culpa Israel

31 Julho 2024
Ismail Haniyeh

Ismail Haniyeh, o líder do Hamas, faleceu em Teerã, a capital do Irã, de acordo com o anúncio feito hoje (31) pela Guarda Revolucionária do Irã e pelo movimento islâmico palestino, que afirmam que o ataque foi realizado por Israel.

Desde outubro de 2023, o Hamas está em guerra com Israel na Faixa de Gaza, um território sob seu controle desde 2007. A luta começou com um ataque sem precedentes dos combatentes do Hamas ao sul de Israel.

De acordo com um comunicado do movimento palestino, o irmão e líder mujahedin Ismail Haniyeh faleceu em um ataque sionista contra sua moradia em Teerã, logo após participar da cerimônia de posse do novo presidente iraniano.

Residindo entre a Turquia e o Catar, o chefe do grupo islâmico, com 61 anos de idade, deslocou-se para Teerã para participar na terça-feira da cerimônia de posse do novo presidente do Irã, Masud Pezeshkian.

Na rede social X, Pezeshkian afirmou que a República Islâmica do Irã irá proteger seu território, sua reputação, sua autoestima e sua soberania, e fará com que os invasores terroristas se arrependam de sua ação covarde. Além disso, o líder corajoso Haniyeh também foi elogiado em sua mensagem.

Em um comunicado oficial, a Guarda Revolucionária do Irã declarou que o ataque à residência resultou na morte de Haniyeh e de um de seus guarda-costas.

A força de segurança afirmou que ainda não foi esclarecida a origem do ataque, porém o caso está sendo investigado. De acordo com a agência de notícias Fars, Hanueyh foi morto por um disparo vindo do ar.

O exército de Israel não emitiu declarações a respeito dos relatos sobre o falecimento do chefe do Hamas.

Diversas nações, como Turquia, China, Rússia e Catar (que está mediando as conversas para um cessar-fogo em Gaza), expressaram sua repulsa ao assassinato e destacaram o perigo de uma escalada e aumento do conflito.

O Ministério das Relações Exteriores do Catar alertou que o assassinato pode causar caos na região e prejudicar as perspectivas de paz, que abriga a liderança política do grupo palestino.

"Ainda de acordo com a diplomacia turca, esse ataque tem como objetivo expandir o conflito em Gaza para uma escala regional", declarou em comunicado, denunciando o "homicídio repugnante".

Um integrante do alto escalão político do Hamas, Musa Abu Marzuk, afirmou que o "ataque contra o líder Ismail Haniyeh é um ato covarde e não passará despercebido".

O líder da Autoridade Palestina e em muitas ocasiões adversário do Hamas, Mahmud Abbas, solicitou aos palestinos que permaneçam "coesos, demonstrem paciência e resistam com determinação à ocupação israelense".

Visto como um estrategista dentro do Hamas, Haniyeh cultivava vínculos positivos com os diferentes grupos palestinos, inclusive com seus oponentes.

Após o anúncio do falecimento, as diferentes facções palestinas organizaram uma paralisação geral e manifestações "em repúdio ao assassinato do renomado líder nacional Ismail Haniyeh, que faz parte do terrorismo do Estado sionista e sua política de guerra de extermínio".

Benjamin Netanyahu, o líder de Israel, declarou que irá destruir o Hamas e resgatar todos os reféns que foram sequestrados durante o ataque ocorrido em 7 de outubro, desencadeando assim o atual conflito em Gaza.

O ataque dos combatentes islamistas resultou na morte de 1.197 indivíduos, em sua maioria civis, no sul de Israel, de acordo com informações oficiais fornecidas à AFP. Além disso, o Hamas também capturou 251 pessoas.

O Exército estima que 111 pessoas ainda estão sendo mantidas em cativeiro na Faixa de Gaza, sendo que 39 delas provavelmente já foram assassinadas.

Segundo informações do Ministério da Saúde do governo do Hamas, a operação militar de retaliação de Israel em Gaza resultou na morte de pelo menos 39.400 pessoas.

Origem Do Grupo Hamas

Nascido em uma família que fugiu para Gaza durante a criação do Estado de Israel, Haniyeh ingressou no Hamas no momento de sua formação em 1987, durante a primeira Intifada.

Em 2017, ele se tornou o líder político do grupo, mas anteriormente já havia ocupado o cargo de primeiro-ministro palestino depois que o movimento islâmico venceu as eleições parlamentares de 2006.

Desde a Revolução Islâmica de 1979, o Irã fez do apoio à causa palestina um elemento central de sua política externa.

As autoridades do Irã comemoraram o ataque realizado pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro, porém negaram qualquer participação do país no ocorrido.

O movimento palestino está inserido no "eixo da resistência", que é composto por grupos que têm aliança com Teerã, como o Hezbollah do Líbano ou os rebeldes houthis do Iêmen.

Os conflitos entre os grupos pró-Irã e Israel se intensificaram desde o início da guerra em Gaza, com tiros frequentes na fronteira ao norte de Israel e no Líbano, bem como com ataques dos houthis em cidades israelenses.

Na terça-feira, as forças armadas de Israel realizaram um ataque contra uma base do Hezbollah localizada ao sul de Beirute e resultou na morte de um líder do grupo. Este líder foi acusado de estar por trás de um ataque ocorrido no último fim de semana nas Colinas de Gola, território ocupado por Israel.

Nesta quarta-feira, o Hezbollah confirmou que seu líder militar, Fuad Shukr, estava presente no prédio atacado por Israel, porém não fez menção ao seu falecimento.

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