Ismail Haniyeh: quais os possíveis desdobramentos após ataque no Irã que matou líder do Hamas
Possíveis Consequências Da Morte Do Líder Do Hamas No Irã
Última atualização ocorreu há 59 minutos.
O Hamas e seu principal apoiador financeiro, o Irã, culpam Israel pelo atentado.
O falecimento de Haniyeh, que aconteceu algumas horas após um ataque de Israel a um líder do grupo Hezbollah no Líbano, eleva as preocupações sobre um potencial conflito de maior escala no Oriente Médio e pode atrasar as tentativas de alcançar um acordo de cessar-fogo em Gaza, onde Haniyeh desempenhava um papel significativo nas negociações.
Durante um discurso televisionado na quarta-feira (31/7), o líder israelense Benjamin Netanyahu não mencionou o falecimento de Haniyeh, mas declarou que Israel desferiu ataques poderosos contra o Hamas.
"Diversos perigos nos rodeiam. Estamos prontos para todos os possíveis cenários e manteremos nossa união e determinação diante de qualquer ameaça", declarou Netanyahu.
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Final das sugestões de leitura
O primeiro-ministro declarou que Israel sofrerá consequências severas caso seja atacado de qualquer forma.
No dia 01 de agosto, Israel informou que o líder militar do Hamas, Mohammed Deif, foi morto durante um ataque israelense em Gaza no dia 13 de julho. O Hamas ainda não se pronunciou oficialmente sobre essa notícia.
Esta semana, o Irã decretou um período de três dias de luto pela morte de Ismail Haniyeh. O líder máximo do país, Masoud Pezeshkian, prometeu que Israel irá se arrepender pela morte do líder, considerada covarde, e assegurou que o Irã defenderá a sua integridade territorial e dignidade a todo custo.
Pezeshkian elogiou Haniyeh como um "chefe valente" em um comunicado divulgado pela agência de notícias AFP.
Haniyeh compareceu à cerimônia de posse de Pezeshkian em Teerã, mesmo residindo no Catar sob forte segurança.
O líder máximo do Irã, o Ayatollah Ali Khamenei, declarou que é um "compromisso de Teerã" vingar a morte de Haniyeh e que Israel, ao não assumir a culpa pelo ataque, abriu caminho para uma "retaliação severa".
Potencial Aumento Do Conflito
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Agora é possível ter acesso às informações da BBC News Brasil direto no seu celular.
Frank Gardner, jornalista especializado em segurança da BBC, adverte que o Oriente Médio vive atualmente um período de grande perigo.
Ele recorda que da última vez em que o Irã ameaçou retaliar, lançou uma grande quantidade de mísseis e drones em direção a Israel, que respondeu com um ataque de mísseis nas proximidades das instalações nucleares do Irã.
De acordo com Gardner, foi preciso um intenso esforço diplomático para evitar que Israel respondesse de forma mais vigorosa.
O repórter especial da BBC Persa, Kasra Naji, manifestou apreensão em relação à resposta do Irã, que poderá incluir ataques em larga escala contra Israel ou um aumento da violência das milícias locais, como o Hezbollah.
Naji observa que é complicado saber se essa situação resultará em uma guerra completa na região, mas está claro que ninguém quer esse desfecho no momento.
No entanto, Gardner destaca que ataques semelhantes no passado nem sempre resultaram em uma intensificação.
Ele menciona o homicídio do líder militar iraniano Qasem Soleimani, ordenado pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no ano de 2020. Este evento desencadeou intensas exigências por retaliação, no entanto, acabou gerando uma resposta relativamente moderada.
Gardner também menciona o bombardeio aéreo decidido pelo ex-presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, contra a Líbia em 1986, que causou receios de uma crise em larga escala, mas não resultou em um aumento significativo.
Influência Na Paz
O falecimento de Haniyeh pode tornar as negociações de paz entre Israel e o Hamas ainda mais difíceis.
O mais recente ataque em Teerã pode tornar mais difícil alcançar um cessar-fogo, uma vez que o Hamas estará agora mais empenhado em encontrar um substituto para Haniyeh, em um procedimento que pode se tornar complexo e prolongado, segundo Rushdi Abualouf, repórter da BBC em Gaza.
Ele lembra que, em dezembro, o Hamas interrompeu temporariamente as conversas de trégua com Israel depois do assassinato do vice de Haniyeh em Beirute, no Líbano.
Paul Adams, que é um jornalista da BBC especializado em assuntos diplomáticos, afirma que é bastante desafiador prever se haverá avanços nas negociações depois do falecimento de Haniyeh.
Ismail Haniyeh pode não ter sido o responsável pelos acontecimentos cotidianos na Faixa de Gaza - essa é a função do comandante militar Yahya Sinwar - mas, como líder do Hamas em exílio, ele desempenhou um papel importante nas negociações mediadas pelo Catar, pelos Estados Unidos e pelo Egito.
Os temores são intensificados pelas declarações emitidas pelos países do mundo árabe.
O Catar, que tem atuado como intermediário nas negociações de paz, apontou que o falecimento de Haniyeh pode comprometer essas tratativas.
"O homicídio político e a constante agressão a civis em Gaza, enquanto as negociações prosseguem, nos fazem questionar: como a mediação pode ser bem-sucedida quando uma das partes mata o mediador do outro lado?", questionou o premier do Catar, Mohammed bin Abdul Rahman Al Thani.
É necessário ter colaboradores comprometidos e uma abordagem abrangente contra a falta de respeito à vida humana para alcançar a paz.
O Egito declarou que o ataque mostra a falta de comprometimento político de Israel com a desmobilização, enquanto o Iraque classificou o ataque como uma "séria violação" que poderá desequilibrar a região.
A Turquia criticou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, por não ter "nenhum interesse em buscar a paz".
O funeral oficial de Ismail Haniyeh será realizado em Teerã na quinta-feira (1/8), seguido pelo traslado de seu corpo para Doha, no Catar, onde ele residia há alguns anos.
A cerimônia fúnebre definitiva está agendada para o dia 2 de agosto, em Lusail, no país do Catar.
Haniyeh, com 62 anos, é o principal líder falecido desde os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro, os quais resultaram em 1,2 mil vítimas fatais.
Israel respondeu com um ataque militar em Gaza, resultando na morte de pelo menos 39,4 mil pessoas, de acordo com informações do ministério da saúde do Hamas.