Movimentos sociais fazem homenagem à vereadora Marielle Franco
Membros de movimentos sociais promoveram, nas primeiras horas da quarta-feira (30), um evento em tributo à vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e a seu motorista, Anderson Gomes, ambos assassinados em 2018. O local escolhido para a manifestação foi uma escadaria situada em um cruzamento da Rua Cardeal Arcoverde, no bairro de Pinheiros, onde uma imagem em preto e branco de Marielle adorna um dos muros.
A manifestação assinala o processo judicial dos dois acusados pelo homicídio, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, no 4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. As famílias das vítimas aguardam a completa elucidação do crime há mais de seis anos e sete meses.
As manifestantes empunharam faixas e entoaram gritos de protesto como "Marielle vive, Marielle viverá. Mulheres negras continuam a lutar" e "Marielle questionou, eu também vou perguntar: quantas mais precisam morrer para que essa guerra tenha fim?". Além disso, foram trazidos girassóis, flores que passaram a ser um símbolo ligado a Marielle e à sua história.
Mara Lúcia, uma das organizadoras da Marcha das Mulheres Negras em São Paulo, afirma que homenagear a memória da vereadora é um dever. "Estamos há seis anos nessa busca [por justiça para ela], aguardando por este momento. Conhecemos bem o funcionamento da Justiça neste país. Portanto, é um compromisso. Somos como sementes, temos muito a agradecer a ela."
Segundo a líder, a nomeação de Anielle Franco, irmã de Marielle e ministra da Igualdade Racial, para o cargo foi um elemento que incentivou os movimentos a cobrar das autoridades responsáveis uma solução para o crime.
"Certamente, a chegada de Anielle ao ministério nos dá forças. Ela representa a nossa comunidade negra e jovem, movida pela dor, pelo sofrimento e pelas perdas que enfrentou. A partir dessa dor, ela se reinventa e traz a representatividade que precisamos. É um grande desafio levar nosso povo e nossas mulheres negras ao poder, mas ainda assim, sempre mantemos a esperança. E continuaremos na luta, pois é isso que nos resta", declara.
Um grupo do coletivo Juntas!, que inclui parlamentares como Sâmia Bonfim (PSOL-SP) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS), esteve presente na mobilização. A membro Ana Luiza Trancoso observa que, embora o caso tenha progredido até a condenação dos criminosos, ainda existem incertezas, já que apenas uma parte foi esclarecida e punida.
"Após seis anos, o júri dos responsáveis diretos é um momento bastante significativo. No entanto, o principal ponto de discussão diz respeito aos mandantes, e devemos continuar nossa mobilização nesse sentido", reflete.