Copom aumenta Selic pela primeira vez no governo Lula e taxa vai a 10,75% | Economia

O resultado da reunião do Copom foi consensual. Isso significa que todos os nove diretores se manifestaram a favor do aumento da Selic, incluindo os quatro diretores nomeados por Lula.

O Copom explicou que tem notado, no contexto interno, ameaças de aumento da inflação.

"No que diz respeito à situação interna, a soma dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho tem mostrado um desempenho mais vigoroso do que se previa, resultando em uma reavaliação do hiato para um patamar positivo. A inflação, conforme o IPCA integral, assim como as medidas de inflação subjacente, se posicionaram acima da meta estabelecida para a inflação nas divulgações mais recentes", declarou o Copom em um comunicado.

O Copom também afirmou que o aumento da Selic nesta quarta-feira marca o começo de um "ciclo".

"O ritmo dos próximos ajustes na taxa de juros e a extensão total do ciclo que se inicia serão determinados pelo sólido compromisso de alcançar a meta de inflação. Isso também dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, especialmente dos itens mais afetados pela atividade econômica e pela política monetária, das previsões de inflação, das expectativas inflacionárias, do hiato do produto e da análise de riscos", acrescentou.

Após a deliberação do Copom, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, comentou que não ficou surpreso com o aumento da taxa de juros.

A previsão do mercado é que a taxa siga aumentando até alcançar 11,50% ao ano em janeiro, totalizando um aumento de 1 ponto percentual.

Os especialistas também projetam que, a partir de julho do próximo ano, a taxa iniciará um processo de diminuição, encerrando 2025 em 10,50% ao ano.

Escolha Do Novo Presidente

A elevação da taxa de juros ocorre após a nomeação do economista Gabriel Galípolo, que atualmente ocupa o cargo de diretor de Política Monetária da entidade, para liderar o Banco Central a partir de 2025. No entanto, ele ainda precisará passar por uma sabatina e obter aprovação do Senado para assumir o cargo.

Projeções do mercado financeiro para a taxa de juros.

A taxa Selic não estava alta desde agosto de 2022.

Origem: Informe Focus, do Banco Central.

O presidente já teceu diversas críticas ao atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que foi nomeado por Bolsonaro e permanecerá no cargo até o final deste ano.

No entanto, em agosto, o presidente da República declarou que não vê problema algum em Galípolo, que foi indicado por ele posteriormente para a presidência do Banco Central, mencionar a elevação das taxas de juros — já que ele é uma pessoa "extremamente competente", um "brasileiro que ama o Brasil".

"Ele possui as características de uma pessoa extremamente competente," afirma Lula a respeito de Gabriel Galípolo.

Deflação De Agosto E Metas Econômicas

De acordo com o sistema de metas, que orienta as ações do Banco Central, o Comitê de Política Monetária (Copom) precisa ajustar a taxa de juros para alcançar as metas estabelecidas para os próximos anos, sem se basear na inflação do passado.

As deliberações referentes à taxa de juros levam de seis a 18 meses para refletirem completamente na economia. Dessa forma, o Banco Central já está focando, neste momento, na inflação acumulada em doze meses, projetando até março de 2026.

As previsões do Banco Central e do mercado estão, em termos técnicos, "desvinculadas" das metas de inflação estabelecidas para o futuro, e estão aumentando.

De acordo com o Itaú, os elementos que impactam a inflação e que justificam o aumento das taxas de juros são:

Para a organização, o aumento nos preços traz danos significativos, especialmente para a camada mais carente da população, que acaba comprometendo uma parcela maior de sua renda. Isso também desestabiliza a economia e dificulta o planejamento das empresas.