Copom decide juros: expectativa é manutenção da Selic em 10,5% ao ano
Ontem, o Banco Central divulgou que o governo registrou um déficit nominal de R$ 135,724 bilhões em junho. Esse valor ficou um pouco acima das expectativas do mercado. No acumulado do ano até junho, o setor público já tem um déficit de R$ 498,225 bilhões, o que corresponde a 8,91% do Produto Interno Bruto (PIB). Nos últimos 12 meses, o déficit nominal totalizou R$ 1,108 trilhão, equivalente a 9,92% do PIB.
Desde a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), percebeu-se um agravamento nos riscos. O dólar, que há 45 dias estava cotado a R$ 5,30, agora ultrapassa os R$ 5,60. Essa valorização está relacionada a uma possível aumento da inflação no futuro. De acordo com o Boletim Focus, a projeção da inflação está em torno de 4,10%. Diante desse cenário, é provável que o Copom adote uma postura mais rígida", explicou Marcelo Bolzan, especialista em investimentos, planejamento financeiro e sócio da The Hill Capital.
A briga entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, está complicando as coisas. "Essa situação está abalando algumas expectativas. Haddad (ministro da Fazenda) está tentando acalmar o mercado que fica agitado com os comentários de Lula, mas não está sendo suficiente. Precisamos de mais informações sobre o controle fiscal. Na prática, não estamos vendo isso acontecer", afirma Carlos Hotz, planejador financeiro e sócio-fundador da A7 Capital.
A recente diminuição nos preços de matérias-primas também é levada em consideração. Produtos básicos, como minério de ferro e petróleo, são os principais produtos de exportação do Brasil. "Por ser um grande exportador de matérias-primas, o Brasil sofre variações nos preços dessas mercadorias, o que influencia a entrada e saída de divisas estrangeiras. Isso resulta em aumentos nos preços de energia, petróleo e alimentos, o que contribui para a inflação", afirma Anderson Ferreira, diretor de distribuição da W1 Capital.
No mercado já se discute a possibilidade de haver dois ou três aumentos na taxa de juros até o final do ano. Breno Bonani, analista da Alphamar Invest, justifica que apesar da economia real estar em bom momento, com a diminuição do desemprego e a expansão da atividade econômica, os gastos do governo tendem a elevar a inflação daqui a dois ou três anos.