Copom eleva Selic para 12,25% ao ano e prevê novos aumentos de 1 ponto percentual em janeiro e março

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Com a elevação de 1 ponto percentual na taxa de juros básica, o Banco Central implementa uma medida mais rigorosa para enfrentar a inflação.

Todos os nove membros da diretoria do Banco Central decidiram aumentar a Selic em um ponto percentual.

Em um anúncio, o Copom espera implementar novos incrementos de 1 ponto percentual nas reuniões seguintes, programadas para janeiro e março do próximo ano.

"Considerando um panorama mais desfavorável para a convergência da inflação, o Comitê prevê que, caso se confirme o cenário projetado, haverá ajustes de similar intensidade nas próximas duas reuniões", afirma o comunicado emitido pelo Banco Central.

A intensidade da restrição monetária (ciclo de aumento das taxas de juros) "será determinada pelo sólido compromisso com a redução da inflação até a meta estabelecida e dependerá do comportamento da inflação ao longo do tempo".

Inflação Influenciou A Decisão Do Copom

No comunicado divulgado nesta quarta-feira, o Copom mencionou que o aumento da inflação no país foi um dos elementos que contribuíram para o avanço da Selic.

O Copom mencionou que a economia nacional está em crescimento e a geração de empregos está aumentando, o que pode resultar em riscos inflacionários, a menos que esse crescimento da atividade econômica seja acompanhado de uma gestão adequada das contas públicas.

No que diz respeito ao cenário interno, o conjunto de indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho continua demonstrando vigor, com especial atenção para a recente divulgação do PIB do terceiro trimestre, que revelou um aumento adicional do hiato. Tanto a inflação geral quanto as medidas subjacentes estão acima da meta estipulada, tendo apresentado um crescimento nas últimas divulgações", ressaltou o comitê.

O Copom também informou que o contexto internacional teve impacto na decisão, especialmente as incertezas em relação à velocidade da desinflação nos Estados Unidos.

"O cenário externo continua sendo complicado, especialmente devido à situação econômica nos Estados Unidos, o que levanta mais incertezas em relação à velocidade da desaceleração, da desinflação e, por extensão, à atitude do Fed", afirmou o Copom em seu comunicado desta quarta-feira.

A reunião do Copom realizada nesta quarta-feira foi a última sob a liderança de Roberto Campos Neto, que se despedirá da presidência do Banco Central em janeiro. O economista Gabriel Galípolo, que atualmente ocupa o cargo de diretor de política monetária do BC, assumirá a presidência no começo de 2025. Sua indicação foi feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e recebeu a aprovação do Senado em outubro.

Atualmente, Galípolo ocupa o cargo de diretor de Política Monetária na instituição e foi consultado por Lula em várias ocasiões para auxiliá-lo na tomada de decisões sobre políticas econômicas, incluindo o pacote de redução de despesas que está sendo avaliado no Congresso.

Campos Neto recebeu a indicação de Jair Bolsonaro e, durante os dois primeiros anos do governo Lula, foi objeto de críticas por parte do presidente e da bancada do PT. Eles argumentavam que o Banco Central deveria cortar os juros de maneira mais significativa – uma tendência que se observou de julho de 2023 a setembro de 2024, período em que a Selic começou a aumentar novamente.

O Comitê de Política Monetária (Copom) é composto pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e por mais oito diretores da instituição.

A Selic representa a principal ferramenta de política monetária empregada pelo Banco Central para gerenciar a inflação. Essa taxa afeta todos os juros no país, incluindo aqueles relacionados a empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.

Taxa Selic: saiba o que representa a taxa fundamental de juros da economia do Brasil.

O mercado financeiro estava dividido em relação à direção das taxas de juros após a reunião de quarta-feira. A maioria apostava em um incremento de 0,75 ponto percentual na Selic.

Entretanto, certos bancos, como o Itaú, começaram a estimar no começo da semana que a Selic aumentaria em 1 ponto percentual nesta quarta-feira.

A determinação do nível da taxa de juros está acontecendo em um contexto de significativa valorização do dólar, que registrou uma elevação superior a 20% em 2024. De acordo com os especialistas, esse é mais um elemento que exerce pressão sobre a inflação.

A valorização do dólar americano, por sua vez, está ligada ao aumento das incertezas em relação ao gerenciamento das despesas públicas, que é responsabilidade dos Ministérios da Fazenda e do Planejamento. Além disso, há dúvidas sobre a política monetária nos Estados Unidos. Com a elevação das taxas de juros americanas, o dólar tende a se valorizar ainda mais no Brasil.

Analistas consideram o câmbio como um elemento que pode exercer pressão sobre a inflação. — Imagem: freepik

No final de novembro, a equipe econômica revelou um conjunto de propostas para a redução de despesas. As iniciativas incluem a restrição do salário mínimo, alterações no acesso ao abono salarial, modificações na aposentadoria dos militares e na supervisão do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC).

O Banco Central é o encarregado de estabelecer a taxa de juros — Imagem: Flickr do Banco Central

O Copom realiza encontros a cada 45 dias para estabelecer o nível da Selic. No ano de 2025, a comissão se reunirá oito vezes:

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