Entidades industriais e do comércio divergem sobre manutenção da Selic

1 Agosto 2024
Selic

O comunicado sobre a manutenção da Selic em 10,5% ao ano causou opiniões divergentes entre as entidades que fazem parte dos segmentos de indústria e comércio do Brasil. Enquanto para alguns, a escolha do Copom do Banco Central indica limitações na atividade econômica, para outros, demonstra a insegurança em relação ao equilíbrio das contas públicas.

No mês de junho, o Comitê de Política Monetária (Copom) decidiu parar com a sequência de diminuições na taxa de juros. Entre agosto do ano passado e março deste ano, os cortes foram sistemáticos, reduzindo 0,5 ponto percentual a cada reunião. Já em maio, a redução foi de 0,25 ponto percentual.

Posicionamentos Das Instituições Sobre O Copom

A manutenção da taxa de juros foi considerada preocupante pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), devido ao alto custo do crédito resultante e à restrição da atividade econômica no Brasil.

O presidente da CNI, Ricardo Alban, expressou o desejo de que a taxa Selic seja reduzida novamente o mais rápido possível. Ele enfatizou a importância de cortes na taxa de juros para diminuir os custos financeiros das empresas e dos consumidores, que se acumulam ao longo das cadeias produtivas. Alban alertou que, caso isso não ocorra, a economia brasileira e os brasileiros serão penalizados, com menos empregos e renda.

A Firjan acredita que a instabilidade fiscal dificulta a redução da taxa básica de juros e que a manutenção da Selic indica um cenário de incertezas econômicas e pressões inflacionárias. A entidade argumenta que o retorno sustentável dos cortes de juros está diretamente ligado ao equilíbrio das contas públicas. Apesar do alívio proporcionado pelo congelamento no Orçamento de 2024, a falta de uma agenda estrutural de redução de gastos aumenta o risco país, desvaloriza a moeda nacional e prejudica as expectativas inflacionárias.

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) afirma que o Comitê de Política Monetária (Copom) acertou ao manter a taxa Selic e que não havia espaço para escolhas diferentes. De acordo com a entidade, há uma situação de câmbio sob pressão, inflação em ascensão e incertezas no cenário fiscal.

Segundo a FecomercioSP, a situação pode sugerir a possível necessidade de aumentar as taxas de juros, mesmo que de forma modesta. Apenas uma postura fiscal mais transparente por parte do governo poderia alterar essa condição.

A CNC considerou a decisão do Copom prejudicial para o setor produtivo devido ao aumento nos juros. No entanto, reconheceu a importância da medida para estabilizar o cenário macroeconômico diante da deterioração da inflação. A entidade ressaltou o aumento das vendas no varejo, baixa taxa de desemprego e renda disponível elevada, indicando solidez na atividade econômica e mercado de trabalho. Por outro lado, alertou para as preocupações geradas pelo cenário fiscal, mesmo com o avanço na arrecadação.

A Força Sindical criticou fortemente a decisão do Copom, classificando-a como ilógica. Segundo a entidade, o Brasil ainda está sob o controle dos rentistas, e a elevação das taxas de juros só beneficia os especuladores. De acordo com a organização, o país está desperdiçando mais uma oportunidade de priorizar a produção, o consumo e a criação de novos empregos. Além disso, o pagamento de juros pelo governo acaba consumindo recursos que poderiam ser destinados para o crescimento econômico, bem como investimentos em áreas fundamentais como educação, saúde, segurança e infraestrutura.

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