Selic sobe para 11,25%: O que muda para o investidor de ações, renda fixa e fundos

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Na quarta-feira (6), a taxa de juros referencial do país, conhecida como Selic, foi elevada para 11,25% após um acréscimo de 0,50 ponto percentual decidido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, conforme previsto pelos analistas do mercado financeiro. Este foi o segundo aumento consecutivo e, mesmo sendo esperado, provoca alterações importantes nos investimentos.

No setor de renda variável, as bolsas de valores e os fundos de investimento estão envoltos em desconfiança devido a um ambiente macroeconômico difícil. Em contrapartida, a renda fixa oferece retornos ainda maiores nos produtos pós-fixados e se estabelece como o destino preferido dos recursos financeiros dos brasileiros, embora enfrente desafios significativos no âmbito do crédito privado.

Veja as orientações dos especialistas sobre ações, renda fixa, fundos imobiliários (FIIs), investimentos no exterior e fundos de investimento, considerando mais uma possível elevação da Selic nesta quarta-feira (6):

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Títulos Públicos Na Renda Fixa

Os títulos públicos se tornaram os favoritos dos brasileiros devido aos altos juros, especialmente aqueles vinculados à inflação, que oferecem uma remuneração de IPCA + 6,8%, além dos pós-fixados. Camilla Dolle, responsável pela área de renda fixa da XP, destaca que, atualmente, a atenção se volta mais para os papéis com IPCA+. Ela vê a decisão do Copom como benéfica para o Tesouro Selic, embora esses títulos “não apresentem riscos que justifiquem prêmios mais altos”, sendo, portanto, mais indicados para estratégias de liquidez e reserva de emergência. Por outro lado, o Tesouro IPCA+ oferece “um prêmio” e “uma taxa atrativa para quem planeja manter os títulos até o seu vencimento”.

A XP opta por prazos médios, geralmente em torno de cinco anos. Por outro lado, os títulos prefixados requerem maior cuidado, pois "são os que tendem a apresentar mais volatilidade". Portanto, os títulos de curto prazo são considerados mais indicados.

Renda Fixa: Investindo Em Crédito Privado

No mercado de crédito privado, “não temos observado grandes retornos nas debêntures com classificação mais elevada (provenientes de empresas mais robustas)”, afirma Ricardo Nunes, diretor de investimentos em crédito da Paramis Capital. No entanto, Nunes aponta que ainda é viável descobrir boas oportunidades em debêntures, CDBs, CRIs e até CRAs, que estão enfrentando um período conturbado.

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Da mesma forma, Camilla Dolle, da XP, afirma que é necessário “analisar se taxa, qualidade, prazo e índices são adequados, independentemente do tipo de ativo”. Ela observa que, diante de prêmios comprimidos, torna-se mais complicado determinar se a relação entre risco e retorno é favorável para o investidor, e sugerir setores ou instrumentos específicos não é uma estratégia recomendada no momento.

Especialistas demonstram uma visão positiva em relação às empresas que estão na B3, porém têm uma perspectiva negativa sobre o cenário macroeconômico. Mônica Araújo, estrategista em ações da InvestSmart, afirma que os fundamentos das empresas são sólidos, o que poderia promover uma confiança na valorização da Bolsa. No entanto, ela destaca que “o apelo da renda fixa no Brasil e a falta de investidores estrangeiros dificultam a realização do potencial do mercado acionário.”

A curva de juros desempenha um papel crucial no desempenho da Bolsa nos próximos meses, de acordo com Monica Araújo, da InvestSmart, e Jansen Costa, co-fundador da Fatorial Investimentos. “A atual projeção da curva de juros é mais complicada”, observa Costa, o que torna interessante o investimento em blue chips como Vale (VALE3) e Petrobras (PETR4) neste momento. No entanto, uma “qualquer melhoria na situação pode motivar um crescimento no mercado acionário”, o que seria vantajoso para os investidores mais ousados que decidirem investir em setores que são sensíveis às variações nas taxas de juros, como construção civil, varejo e locação de automóveis.

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A orientação geral após o aumento das taxas de juros é agir com prudência e direcionar investimentos para empresas tidas como defensivas. Monica e Costa mencionam os setores de energia elétrica, saneamento, instituições financeiras, telecomunicações e seguros como opções mais seguras em um período repleto de incertezas.

O ambiente de juros elevados tem afetado negativamente os Fundos de Investimento Imobiliário (FIIs) recentemente, e a situação se agrava com o novo aumento da taxa Selic. A expectativa é que os fundos que aplicam em imóveis físicos enfrentem quedas mais acentuadas no valor de suas cotas, enquanto aqueles que investem em dívidas tendam a se beneficiar nas carteiras. Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, sugere que os investidores foquem em FIIs com um rendimento mensal mínimo de 0,85% para os próximos 12 meses, uma vez que essa taxa deve ser igual ou superior ao nível atual e às projeções para a Selic.

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A escolha, por outro lado, precisa ser cuidadosa, levando em conta fundos alavancados e a presença em setores vulneráveis a altas taxas de juros ou locatários que possam ser afetados por um ambiente econômico restritivo. Eliane Teixeira, economista da Cy Capital, sugere a preferência por fundos de logística e híbridos, que apresentem ativos de boa qualidade.

Para os administradores, a situação dos fundos de investimento permanece praticamente a mesma mesmo com o aumento da Selic. De acordo com as informações coletadas pelo InfoMoney, os dois incrementos seguidos são considerados modestos em comparação ao ciclo anterior, que fez a taxa de juros subir de 2% para 13%. A principal diferença é que há uma maior atratividade para abordagens voltadas para ativos que já apresentam valorização, como a renda fixa, enquanto as estratégias de ações tendem a enfrentar perdas mais significativas.

"Tendo em vista a taxa Selic em 11,25%, ressaltamos três abordagens que podem oferecer retornos entre 14% e 17%, sem flutuações, ao longo dos próximos 12 meses: debêntures incentivadas, títulos de dívida (bonds) e FIDCs", afirma Belitardo, da Hike Capital.

Os fundos multimercados, no entanto, não devem ser desconsiderados, segundo Alexandre Costa, analista da Empiricus Research. Ele afirma que essa categoria de investimentos possibilita alocações mais flexíveis em ativos que, geralmente, o investidor não consegue acessar, como juros, câmbio, commodities, entre outros. "Após as lições aprendidas nos últimos meses, ainda é uma alternativa atrativa. Muitas dessas opções mais ousadas permitem que o investidor aplique valores menores, mantendo a mesma exposição ao risco, e representam uma boa adição ao portfólio", comenta Alexandre Costa.

A justificativa para investir no exterior continua válida, apesar da alta nas taxas de juros no Brasil: trata-se de diversificar em moedas estáveis. Os especialistas também destacam a chance de aproveitar a rentabilidade dos títulos de renda fixa nos Estados Unidos, mesmo que haja uma redução nas taxas de juros após a decisão do Federal Reserve prevista para esta quinta-feira (7).

“Estamos diante de uma circunstância quase sem precedentes nos ativos de renda fixa ou crédito no exterior, apresentando uma competitividade elevada [em relação aos ativos brasileiros] em relação aos resultados e rendimentos disponíveis”, afirma Rodrigo Aloi, diretor de estratégia e pesquisa da HMC Capital.

A Bolsa de Valores dos Estados Unidos também é recomendada por Aloi, que ressalta a diversidade de estratégias de investimento e a relevância das ações do setor tecnológico no cenário global. “O investidor brasileiro que se concentra excessivamente nas taxas de juros no Brasil acaba perdendo algumas dessas oportunidades no exterior.”

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