Vinho que confundiu amigos custa até R$ 5 mil: por que Pêra-Manca é caro?

Produção abrange tecnologia. As uvas são escolhidas por um aparelho com inteligência artificial que separa os cachos adequados para a fabricação daqueles que não estão em boas condições, conforme explicação do enólogo Pedro Baptista ao Jornal da Band. Desta forma, é viável utilizar as melhores uvas que irão proporcionar estrutura e acidez ao vinho tinto.

O armazenamento também contribui para o aumento do custo do produto. O vinho tinto Pêra-Manca passa por um processo de fermentação em barris de carvalho francês, depois é transferido para tonéis do mesmo tipo de madeira, o que encarece a produção. Além disso, ele é envelhecido por cinco a seis anos na Adega Cartuxa em Portugal antes de ser comercializado, o que representa um investimento financeiro que influencia ainda mais o preço final. Por outro lado, o vinho branco é fermentado em barris de carvalho francês e passa 12 meses em garrafa, o que resulta em um custo menor comparado ao vinho tinto.

A quantidade produzida é restrita. Calcula-se que apenas cinco colheitas do vinho sejam feitas em um período de dez anos, o que torna a garrafa uma raridade e pode alcançar o valor de R$ 5 mil, no caso do vinho tinto. Além disso, ele possui um selo especial emitido pela Casa da Moeda de Portugal para assegurar sua autenticidade. Enquanto o vinho tinto é elaborado em anos com condições ideais para o amadurecimento da uva, o vinho branco é produzido anualmente e em maior quantidade.

Diz-se que o vinho foi um destaque na chegada dos portugueses ao Brasil. Segundo a história, quando Pedro Álvares Cabral partiu de Portugal em busca de novas terras, levou consigo garrafas de Pêra-Manca em suas caravelas. Ao se perder na rota, ele teria atracado no local que futuramente se tornaria o Brasil. No entanto, não existem evidências concretas disso. A própria vinícola responsável pelo cultivo das uvas para o vinho trata essa história como uma mera lenda.