Ceará reduz em quase 30% a proporção de mães adolescentes em apenas cinco anos

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Ranking De Mães Adolescentes Em 2024

Entre os anos de 2017 e 2022, a porcentagem de mães adolescentes com idades entre 10 e 19 anos que deram à luz no Ceará apresentou uma queda de 29,21%. Em 2017, essa porcentagem era de 17,8%, enquanto em 2022 foi registrada em 12,6%. Esse resultado coloca o estado em uma posição mais distante da média do Nordeste (14,9%), porém mais próxima da média nacional (12,3%). O Enfoque Econômico (Nº 200 – Março/2024) – Mães Adolescentes no Ceará – 2017 a 2022, publicado recentemente pelo Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece), aponta uma tendência positiva nesse indicador.

Houve uma diminuição na quantidade de municípios do estado com uma alta taxa de mães adolescentes entre os recém-nascidos, segundo a escala municipal. Em 2017, apenas 92 dos 184 municípios do Ceará apresentavam uma proporção elevada de mães adolescentes (de 20,01% a 31,25%). Essa situação ocorria, principalmente, nas regiões próximas dos Sertões de Canindé e Crateús, no Cariri, além de uma parte do litoral oeste.

De acordo com o autor do estudo, Victor Hugo de Oliveira, ainda em 2022, apenas nove municípios apresentaram elevadas taxas de nascimentos de bebês de mães adolescentes superiores a 20%. As cidades situadas na Região Metropolitana de Fortaleza, no Litoral Leste, bem como alguns municípios das regiões da Serra da Ibiapaba, Vale do Jaguaribe, Cariri e Sertão de Sobral se destacam com proporções inferiores a 12,5%.

O analista de Políticas Públicas destaca que houve significativas mudanças em todas as regiões do Ceará, o que pode causar impactos relevantes no perfil demográfico dos municípios cearenses na década de 2020, devido a uma diminuição da base da pirâmide etária da população. Da mesma forma, a diminuição da proporção de nascimentos tendo mães adolescentes pode contribuir para a redução do ciclo de pobreza, considerando-se o alto nível de vulnerabilidade social dessas jovens mães nessa faixa etária.

Percentual de gestantes com idade de 10 a 19 anos no momento do parto no estado do Ceará, na região Nordeste e em todo o país, nos anos de 2017 e 2022.

Em 2017, segundo Victor Hugo, Itatira apresentava a maior porcentagem de mães adolescentes, com 31,25%, seguido por Pacujá (30,12%) e Salitre (28,14%). Dos dez municípios com maiores índices, Aratuba ficou em décimo lugar, com 25,77%. Essas cifras estão bem acima da média cearense de 17,8% de mães adolescentes, mostrando uma grande discrepância que vai de 25,77% a 31,25% nos municípios com as maiores taxas.

Classificação dos 10 maiores municípios com relação à percentagem de mães na faixa etária de 10 a 19 anos, em relação aos recém-nascidos vivos - 2017 e 2022.

No ano de 2022, Ipaporanga liderava a lista com um percentual de 24,06% dos recém-nascidos cujas mães tinham entre 10 e 19 anos, seguida por Palmácia (23,17%) e Guaramiranga (22,97%). Ademais, a média estadual experimentou um significativo declínio em 2022, reduzindo para 12,6%. Entre os dez municípios, a diferença em suas respectivas proporções tornou-se menos drasticamente diferente, variando de 24,06% a 20% dos nascimentos vivos, o que aproxima mais da média geral do estado.

De acordo com Victor Hugo, é possível notar que, tanto em 2017 quanto em 2022, os municípios de Guaramiranga, com um índice de 22,97% em 2022, Potiretama, com 21,79% em 2022, Pacujá, com 21,25% em 2022, e Jaguaretama, com 20,87%, figuram no topo do ranking como os locais que apresentam os maiores índices no estado. Esse fenômeno reforça a importância de se dedicar maior atenção a essas regiões.

Classificação dos 10 municípios com menor proporção de mães adolescentes (entre 10 e 19 anos) em relação ao número de bebês nascidos vivos - 2017 e 2022.

De acordo com o especialista em Políticas Públicas, o estudo também apresenta os dez municípios com as menores taxas de mães adolescentes. Em 2017, essas localidades registraram proporções variando entre 9,72% (a taxa mais baixa, referente a Granjeiro) até 14,61% (a mais elevada, em Fortaleza). Em 2022, as proporções desses municípios diminuíram consideravelmente, oscilando entre 6,98% (o menor índice, encontrado em Alcântaras) e 9,89% (o maior índice, correspondente a Itapiúna).

Ele destaca que em 2022 foi observada uma diminuição na distância entre os dez municípios. Além disso, ao comparar esse mesmo ranking com o de 2017, apenas Alcântaras permanece entre eles, porém em primeiro lugar com uma redução de 4,6% na taxa. Ou seja, diferente dos dez municípios com as maiores proporções, onde a maioria apresenta altas taxas (quatro municípios), apenas um município se mantém nessa posição em 2022.

Victor Hugo, analista de Políticas Públicas, enfatiza a relevância do trabalho: apresentar informações municipais sobre esse fenômeno é crucial para auxiliar na criação e monitoramento de políticas que objetivem a prevenção da gravidez na adolescência, além de assegurar o bem-estar dessas mães.

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