Após 'tiro no pé', presidente da Coreia do Sul que decretou lei marcial pode enfrentar impeachment
O principal partido opositor, o Partido Democrático, solicitou que Yoon, que ocupa o cargo desde 2022, renunciasse ou fosse destituído da posição.
Yoon instituiu a lei marcial para reprimir as atividades de "forças antiestatais" que supostamente estariam colaborando com a oposição. No entanto, os deputados rejeitaram a medida, em meio à mais grave crise política que a Coreia do Sul enfrenta em várias décadas.
O decreto que estabelecia a lei marcial, a qual Yoon afirmou ter como alvo seus opositores políticos, foi derrubado por 190 integrantes da Assembleia Nacional. Segundo a legislação da Coreia do Sul, o presidente deve cancelar a lei marcial imediatamente se o Parlamento solicitar tal ação por maioria de votos. O próprio partido de Yoon solicitou que ele anule o decreto.
Ao tomarem conhecimento da retirada do presidente, os manifestantes que estavam do lado de fora do Parlamento celebraram com gritos e aplausos. "Conseguimos!", repetiam.
Escândalos E Falta De Apoio Popular
Presidente da Coreia do Sul impõe estado de emergência; saiba mais sobre esse conceito.
Yoon assumiu a presidência em maio de 2022, com uma vantagem de menos de 1%, representando o Partido do Poder Popular como candidato conservador. Inexperiente no cenário político, ele se destacou perante o público ao atuar como promotor, investigando alguns dos casos de corrupção mais famosos do país.
O político da Coreia do Sul chegou ao cargo enfrentando o desafio de diminuir o custo de vida e os altos preços dos imóveis, além de lutar contra o crescimento da desigualdade e do desemprego entre os jovens.
O governo, por sua vez, acabou sendo acusado de práticas de corrupção. A esposa do presidente, por exemplo, foi flagrada recebendo uma bolsa de grife avaliada em quase R$ 11 mil como presente. Esse valor excede o permitido pela legislação.
Estudos apontam que a atuação de Yoon tem sido mal vista pela sociedade sul-coreana. As porcentagens de aprovação do governo giram em torno de 20%, o que tem gerado uma pressão política significativa sobre o presidente.
Deputados da oposição na Coreia do Sul votam para revogar a declaração de estado de emergência imposta pelo presidente — Foto: Yonhap via REUTERS
Em abril deste ano, o Partido Democrata, que se opõe a Yoon, obteve uma vitória expressiva nas eleições para o parlamento. Como resultado, o partido fortaleceu seu domínio na Assembleia Nacional, assegurando mais de 170 dos 300 assentos disponíveis.
Na ocasião, Yoon fez uma declaração comprometendo-se a implementar transformações na administração e a adotar medidas para estabilizar a economia da Coreia do Sul.
Nesse interim, a oposição aprovou propostas para apurar as ações da primeira-dama. No entanto, todas as iniciativas foram barradas pelo presidente.
Na semana anterior, o Partido Democrata descartou o orçamento proposto pelo governo e implementou um projeto de reavaliação de despesas, reduzindo um total superior a R$ 17 bilhões. Essa decisão provocou descontentamento entre os membros da presidência, com a porta-voz do governo descrevendo a iniciativa como "tirania legislativa".
Presidente da Coreia do Sul institui estado de emergência e, poucas horas depois, revoga a decisão.