Coreia do Sul: o passado autoritário da potência asiática

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Coreia do Sul

Esse evento acontece após embates entre os protestantes e as autoridades de segurança tanto dentro quanto fora da Assembleia Nacional.

A crise surgiu em um período em que o presidente se encontra em uma posição vulnerável após a recente eleição, que foi conquistada pela oposição.

A atitude do presidente Yoon pegou o país de surpresa — que se considera uma democracia avançada e próspera, tendo passado por significativas transformações desde os tempos de sua ditadura.

Isso é considerado o maior desafio enfrentado por esta sociedade democrática em várias décadas.

Conforme declarou na quarta-feira o presidente da Assembleia Legislativa: "Defenderemos a democracia ao lado do povo."

A BBC destacou uma série de eventos históricos que elucidam os conflitos presentes na nação asiática e a percepção global sobre a Coreia do Sul.

Conflitos E Cultura Pop

A Península Coreana esteve sob domínio japonês de 1910 a 1945, tempo em que as tropas do Japão foram acusadas de realizar barbaridades contra os habitantes da região.

O término da Segunda Guerra Mundial no Pacífico se deu após os Estados Unidos lançarem duas bombas atômicas sobre cidades do Japão. Esse evento resultou na rendição do Japão e no fim da ocupação japonesa na península.

A península, por sua vez, ficou fragmentada em razão da presença de forças soviéticas no norte e das tropas dos Estados Unidos no sul.

A república do sul foi instaurada em 1948 e conta com o respaldo militar dos Estados Unidos e da ONU quando sofreu uma invasão da Coreia do Norte, dois anos depois.

A Guerra da Coreia chegou ao fim em 1953, mas não houve um tratado de paz oficial, fazendo com que a Coreia permanecesse tecnicamente em conflito por mais de cinco décadas. A Coreia do Sul, de orientação capitalista, evoluiu consideravelmente e se tornou um dos países mais prósperos da Ásia. Por outro lado, a Coreia do Norte, sob regime comunista, trilhou uma trajetória diametralmente oposta, caracterizada pelo totalitarismo e pela miséria.

Durante um longo período, entretanto, a região sul não teve acesso à liberdade política e à democracia.

Esses grupos desempenharam um papel fundamental na transformação da Coreia do Sul em uma das maiores economias globais e em uma relevante exportadora de automóveis e eletrônicos.

No século XXI, a Coreia do Sul se consolidou como um ícone da cultura pop, com a ascensão de bandas juvenis em um gênero conhecido como K-pop.

Os Estados Unidos têm milhares de militares estacionados em seu território.

Quem é Yoon Suk Yeol, O Presidente Da Coreia?

Declaração do presidente sul-coreano, Yoon Suk Yeol, que institui a lei marcial — Imagem: Anthony Wallace/AFP

O presidente Yoon Suk Yeol tomou posse em maio de 2022, após conquistar a vitória nas eleições. Ele sucedeu Moon Jae-in, que dirigia o país desde 2017. Suk Yeol se uniu ao Partido do Povo no Poder em 2021, depois de ter exercido a função de Procurador Geral por quase dois anos.

A candidatura do conservador Suk Yeol ganhou destaque após o escândalo que atingiu o renomado político Cho Kuk e sua filha, a estudante de medicina Cho Min.

Um pai e sua filha foram denunciados por forjar documentos acadêmicos, incluindo pesquisas científicas que, segundo suas alegações, teriam passado pela revisão de cientistas da Coreia do Sul. Cho Kuk exerceu a função de ministro da Justiça por dois anos (2017-2019) durante o governo do ex-presidente Moon Jae-in.

Moon Jae-in sucedeu a primeira mulher a ocupar a presidência do país, Park Geun-hye, que foi destituída por conta de sua participação em um escândalo de corrupção.

Moon, um advogado especializado em direitos humanos que defendeu uma abordagem mais conciliatória em relação à Coreia do Norte, declarou que se empenharia pela paz na península. Ele mencionou que estaria aberto a realizar uma visita a Pyongyang, a capital da Coreia do Norte, se as circunstâncias fossem favoráveis.

Nascido de pais que fugiram da Coreia do Norte, Moon assumiu o cargo em um momento em que as relações entre os dois países estavam bastante tensas, com os Estados Unidos e o governo norte-coreano se atacando verbalmente, enquanto cresciam as especulações sobre a possibilidade de um novo teste nuclear por parte de Pyongyang.

A conjuntura global alterou-se de forma significativa após as negociações com a Coreia do Norte que resultaram na participação desse país comunista nos Jogos Olímpicos de Inverno de 2018, que ocorreram no sul, em PyeongChang.

Em uma cúpula realizada em abril de 2018, o presidente Moon e o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, concordaram em pôr fim às hostilidades e colaborar para diminuir a corrida nuclear na península.

Em contraste com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Yoon Suk Yeol se comprometeu, durante sua campanha, a extinguir o Ministério da Família e Igualdade de Gênero.

Os legisladores rejeitaram o decreto de estado de emergência seguinte à declaração do presidente. — Foto: Reuters via BBC

A Coreia do Sul lidera no que diz respeito a internet rápida e sem fio. Mais de 45 milhões de cidadãos sul-coreanos estão na rede, e quase todas as residências possuem acesso à internet. A utilização de aplicativos de mensagens instantâneas e de jogos é extremamente comum.

A leitura de jornais é bastante disseminada, com mais de cem publicações nacionais e locais em todo o país. A mídia costuma adotar uma postura crítica em relação ao governo. Diversos jornais estão sob a administração de grandes grupos empresariais.

As séries de televisão da Coreia do Sul fazem muito sucesso em toda a região, inclusive na China. Elas são um componente da Onda Coreana — a disseminação da cultura popular sul-coreana por diversos países asiáticos.

Helicópteros podem ser observados aterrissando no Parlamento da Coreia do Sul.

Laços Do Brasil Com O Mundo

As interações entre o Brasil e a Coreia do Sul tiveram início no período pós-Segunda Guerra Mundial, envolvendo tanto os diálogos oficiais entre os governos quanto a imigração de coreanos para o Brasil. As relações diplomáticas foram formalizadas em 1959, e em 1962 os sul-coreanos instalaram sua embaixada no Rio de Janeiro. A embaixada brasileira em Seul foi inaugurada três anos depois.

A imigração de cidadãos sul-coreanos para o Brasil teve início de forma oficial em 1963, embora já existam registros de chegadas de coreanos desde a década anterior. Nesse mesmo ano de 1963, foi formalizado um tratado comercial.

Na década de 2010, observou-se um crescimento dos investimentos da Coreia do Sul no Brasil, assim como nas trocas comerciais entre as duas nações. De acordo com o Itamaraty, em 2018, o volume total atingiu US$ 8,8 bilhões.

A população sul-coreana no Brasil é estimada em aproximadamente 50 mil indivíduos, principalmente concentrados na cidade de São Paulo.

A BBC destacou algumas datas importantes que auxiliam na compreensão dos conflitos na Coreia do Sul.

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