Ministro da Defesa da Coreia do Sul pede desculpas, assume responsabilidade por lei marcial e entrega cargo
Yong-hyun informou que apresentou sua demissão a Yeol. Sendo ele um ministro, a solicitação precisa ser aprovada pelo chefe do Executivo. Além disso, o ministro estava sendo alvo de propostas de impeachment, assim como o presidente.
Entre aqueles que apresentaram sua renúncia, encontram-se Chung Jin-suk, o chefe da equipe presidencial; o conselheiro de Segurança Nacional, Shin Won-sik; e Sung Tae-yoon, o responsável pela área política, junto com outros sete assessores de alto escalão do governo.
Yoon sustentou que desejava "purificar" a nação dos aliados da Coreia do Norte e expressou reprovações em relação à oposição. Ele alegou que forças "antigovernamentais" estavam buscando impedir o funcionamento das instituições governamentais e desestabilizar a ordem constitucional da nação.
"Proclamo estado de emergência para salvaguardar a República da Coreia das ameaças representadas pelas forças comunistas da Coreia do Norte, visando eliminar os abomináveis grupos antiestatais que apoiam o regime norte-coreano, os quais estão comprometendo a liberdade e a felicidade da nossa população, além de manter a ordem constitucional."
Depois de comunicar que estava revogando a decisão, Yoon declarou que havia solicitado o recuo das tropas e reiterou suas críticas aos parlamentares da oposição.
Deputados da oposição na Coreia do Sul realizam votação para revogar a lei marcial imposta pelo presidente — Imagem: Yonhap via REUTERS
O decreto da legislação surpreendeu os cidadãos sul-coreanos e gerou uma onda de reações adversas, até mesmo entre os membros do próprio governo.
O acesso à Assembleia Nacional foi interditado após a declaração da lei marcial, e unidades especiais da polícia foram destacadas para controlar os manifestantes. Mesmo assim, alguns parlamentares conseguiram acessar o plenário e realizaram uma sessão de emergência.
A proposta de lei marcial foi descartada por todos os 190 parlamentares presentes na votação. Conforme as normas legislativas da Coreia do Sul, o presidente é obrigado a cancelar a determinação de forma imediata.
O chefe da oposição, Lee Jae-Myung, declarou após a votação extraordinária que a lei marcial é nula e, portanto, qualquer indivíduo que agir com base nessa medida estará infringindo as normas do país.
Nesse ínterim, milhares de cidadãos sul-coreanos saíram às ruas para se opor à declaração de estado de emergência. Alguns exigiram ainda a detenção do presidente. Os protestantes festejaram ao saber que a decisão seria anulada.
Presidente da Coreia do Sul impõe estado de emergência; compreenda o conceito.
Yoon foi escolhido como presidente em maio de 2022, com uma diferença de menos de 1%. Ele é membro do Partido do Poder Popular, que é de orientação conservadora.
Em abril deste ano, o Partido Democrata, que está na oposição, obteve uma vitória significativa nas eleições para o Legislativo. Como resultado, a sigla aumentou seu domínio na Assembleia Nacional, garantindo mais de 170 das 300 vagas disponíveis.
O resultado expressou a falta de apoio ao presidente, que lida com dificuldades para baixar o custo de vida e lidar com a potencial crise demográfica gerada pelo baixo índice de nascimentos.
Além disso, o governo atual foi envolvido em denúncias de corrupção. A esposa do presidente, por sua vez, foi flagrada aceitando uma bolsa de grife, cujo valor é próximo a R$ 11 mil. Essa quantia excede o que a legislação permite.
Nos últimos meses, a oposição aprovou propostas para investigar a esposa do presidente. No entanto, todos os projetos foram rejeitados pelo chefe do Executivo.
Na semana passada, o Partido Democrata descartou o orçamento do governo e encaminhou um plano de reavaliação de despesas, resultando em um corte superior a R$ 17 bilhões. Essa decisão desagradou a equipe do presidente, e a porta-voz do governo qualificou a iniciativa como "tirania legislativa".
A Coreia do Norte realizou uma simulação de combate para avaliar seus armamentos militares — Imagem: KCNA através da Reuters.
A ação ocorre em um contexto de aumento de tensões sem igual na última década entre as duas Coreias, que, de fato, ainda estão em estado de conflito.
Somente no ano passado, a dinâmica entre as duas nações foi caracterizada por intimidações, a quebra de um pacto de não agressão, experimentos com mísseis balísticos de longo alcance, disparos de foguetes na região de fronteira e até o envio de balões contendo sacos de resíduos.
Diante do agravamento das relações, os Estados Unidos estabeleceram uma aliança com a Coreia do Sul, levando à realização de diversas manobras militares em conjunto.
No começo de 2024, Kim Jong-un decretou que suas forças armadas se preparassem para uma eventual guerra. Ele também declarou que começou a enxergar a Coreia do Sul como uma nação hostil.
Em junho, Rússia e Coreia do Norte firmaram um pacto de cooperação que revive laços semelhantes aos existentes entre as nações durante a Guerra Fria.