Possível vitória de Milei na Argentina preocupa Brasil, diz Haddad
O governo brasileiro está preocupado com uma possível vitória de Javier Milei, o candidato radical de extrema-direita que está concorrendo à presidência na Argentina, conforme admitiu o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
"É compreensível que eu esteja (inquieto). Uma pessoa que defende a desvinculação com o Brasil, uma nação com a qual mantivemos uma história conjunta por séculos, gera apreensão. Isso é natural. Qualquer indivíduo ficaria preocupado... Pois, em geral, nas relações internacionais, a ideologia não deve influenciar a conexão", afirmou Haddad durante uma entrevista concedida à agência Reuters.
Javier Milei é uma figura da extrema direita que está na liderança das prévias eleitorais na Argentina.
Conforme determinado por lei, todos os partidos políticos são exigidos a conduzir eleições primárias, mesmo que só haja um candidato e isso seja apenas um procedimento obrigatório. Além disso, todas as coalizões movimentam as suas prévias na mesma data.
Segundo o ministro Haddad, não é viável importar para as relações internacionais os problemas internos.
Haddad lembrou à Reuters que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém relações cordiais com líderes de diferentes correntes políticas, independente de suas preferências serem expostas ou não.
O Brasil tem um vizinho importante como parceiro na América do Sul. Por isso, preocupa quando um candidato sugere que vai se distanciar dessa relação. O ministro Haddad perguntou o que nós (brasileiros) fizemos para merecer esse tipo de desprezo.
Milei, o economista argentino, é rotulado como um adepto do ultraliberalismo pelo jornal El País. Ele afirma ser um "anarcocapitalista" e se opõe ao aborto, mas apoia o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Ele vê as questões climáticas como uma conspiração da esquerda e é alinhado com a extrema direita do partido Vox da Espanha, de acordo com a mesma publicação.
Em maio de 2022, Milei deu uma entrevista à agência Reuters para divulgar uma proposta de sistema bancário e reforma monetária que visa eliminar o Banco Central. A ideia principal é possibilitar que os cidadãos argentinos tenham a liberdade de optar por uma moeda diferente daquela emitida pelos políticos locais.
A inflação na Argentina está atingindo marcas históricas.