Justiça aprova pedido de recuperação extrajudicial da Casas Bahia

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Casas Bahia recuperação extrajudicial

Nesta segunda-feira (29), a solicitação de recuperação extrajudicial dos varejistas Casas Bahia (BHIA3) foi aprovada pela 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça de São Paulo. A companhia declara possuir dívidas que somam R$ 4,1 bilhões.

A Casas Bahia confirmou à Reuters que a informação foi inicialmente divulgada pela coluna de Lauro Jardim, do jornal O Globo.

Na segunda-feira, as ações da companhia subiram mais de 34% depois que foi anunciado um pedido de recuperação extrajudicial. Especialistas consideram a medida como um alívio para os recursos financeiros da rede de comércio, além de ser uma chance para a companhia se concentrar em seu plano de transformação.

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Segundo o comunicado relevante, a dívida específica mencionada na solicitação abrange as emissões de debêntures da sexta, sétima e oitava colocação no mercado, bem como a nona colocação de debêntures e outras CCBs emitidas com a colaboração de instituições financeiras.

A corporação afirmou que o projeto não abrange passivos de caráter operacional com prestadores de serviços e parceiros, além de não afetar funcionários e consumidores, destacando que já possui o suporte de seus principais financiadores, Bradesco e Banco do Brasil.

Espera-se que o planejamento seja validado em no máximo 40 dias, pois a corporação conta com o suporte de credores que possuem aproximadamente 55% do débito listado no procedimento, afirmou o CEO da Casas Bahia, Renato Franklin, durante a reunião com analistas realizada nesta segunda-feira.

O projeto contempla uma ampliação no prazo de pagamento da dívida, mediante um período de carência de 24 meses para o pagamento dos juros e 30 meses para o pagamento do montante principal. Adicionalmente, a abordagem engloba a opção de os credores que apoiam o empreendimento converterem uma parcela da dívida em ações da companhia.

De acordo com a Casas Bahia, a reestruturação da dívida permitirá que a empresa preserve cerca de R$ 4,3 bilhões em seu caixa nos próximos quatro anos. Além disso, o prazo médio da dívida passará de 22 para 72 meses, com uma diminuição de 1,5 ponto percentual no custo médio. Isso se traduz em uma economia de R$ 400 milhões ao longo do período, segundo a companhia.

Antes do pacto, a empresa Casas Bahia enfrentaria até o final do ano desembolsos de R$ 1,24 bilhão em pagamentos de juros e R$ 313 milhões em encargos.

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No futuro, a companhia voltará a efetuar os pagamentos somente em 2026, quando desembolsará R$ 150 milhões para a amortização da dívida e R$ 103 milhões em juros. Todavia, a partir de 2030, terá que quitar uma quantia significativa, sendo R$ 2,58 bilhões em amortizações e R$ 1,9 bilhão em juros.

Ao solicitar a renegociação com seus credores, a Casas Bahia junta-se a um grupo de varejistas do país que tem enfrentado essa mesma demanda desde o surgimento do escândalo da Americanas, que teve seu rombo contábil exposto em janeiro do ano passado, o que afetou de forma negativa o crédito concedido ao setor.

Os especialistas do Banco Safra observaram que o contrato firmado com as instituições financeiras é vantajoso para a companhia em relação ao seu fluxo de caixa, uma vez que diminui as saídas de dinheiro da empresa até 2026 em um montante de R$ 3,1 bilhões.

Porém, a longo prazo, embora a diminuição do valor da dívida seja notável, o pagamento total de juros aumentará consideravelmente, saltando de R$ 971 milhões para R$ 2,397 bilhões, comprometendo assim o fluxo de recebimentos posteriores.

Segundo Franklin, a companhia será obrigada a mostrar, em sua prestação de contas do primeiro trimestre, que está conseguindo cortar gastos e diminuir o estoque. Espera-se que o balanço seja publicado em 8 de maio. A empresa implementou essas medidas após demitir 8.6 mil funcionários e fechar 55 lojas no ano passado, além de ter readequado quatro centros de distribuição.

O executivo informou que ainda possuem 10 (CDs) disponíveis para trabalhar com a devolução ou sublocação de espaços vazios.

De acordo com ele, o requerimento de restauração extrajudicial não altera a centralização da companhia no esquema "modificador", o qual enfoca as categorias primordiais de eletrodomésticos, dispositivos móveis e móveis, com injeções de capital em novas áreas, como rentabilização de receitas por meio de propaganda.

Com a entrada de R$ 4,3 bilhões em fluxo de caixa nos próximos quatro anos através do acordo com os credores, Franklin destacou que a Casas Bahia pode até mesmo implementar antecipadamente algumas estratégias do plano de transformação que está previsto para ser concluído em grande parte até o final deste ano. Além disso, a empresa pode aproveitar a melhoria do cenário macroeconômico que está sendo indicada com a queda da taxa de juros da economia, acrescentou Franklin.

O gestor declarou que a organização prosseguirá com sua iniciativa de inaugurar mais lojas presenciais e desenvolver novas soluções financeiras para seus consumidores e parceiros.

O líder da Casas Bahia afirmou que é esperado um aumento no financiamento dos clientes da empresa durante o ano de 2024.

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