Ator leva a cultura mineira para o mundo no Globoplay: 'Sem neutralizar meu sotaque'

Globoplay

Ian Braga, oriundo de Minas Gerais, sempre escutou que, se desejava perseguir seu sonho de se tornar ator, precisaria se estabelecer no Rio de Janeiro. Ele tomou essa decisão aos 17 anos e aprendeu a administrar sua linguagem característica para conseguir mais trabalhos. Coincidentemente, seu primeiro personagem principal na televisão surgiu de um projeto local em Minas Gerais. Ele aprecia a ideia de discutir sua cultura e divulga-la para o Brasil e para o mundo, sem precisar suavizar sua pronúncia específica.

Braga é a estrela principal da produção de final de ano Vivo ou Morto, um projeto da Globo Minas que será lançado no Globoplay neste sábado (23). No filme, ele personifica Chico Santo, um habilidoso artesão do interior mineiro que se encontra em apuros e precisa simular sua própria morte para proteger-se de um indivíduo perigoso. Contudo, suas obras, associadas agora ao "falecido", passam a ter uma grande demanda, e ele começa a cogitar a ideia de "ressuscitar" para aproveitar a fama e a riqueza que nunca teve quando estava "vivo".

Acho bastante intrigante que tenha me mudado para o Rio de Janeiro, onde até participei de alguns episódios nas novelas "Órfãos da Terra" e "Topíssima", por exemplo. No entanto, as boas oportunidades surgiram em minha terra natal, o que me fez voltar para viver essas experiências. Esta é a história compartilhada por Braga durante uma conversa exclusiva com o Notícias da TV.

É significativo para mim, pois é uma recuperação da nossa cultura, não é mesmo? Somos instruídos a eliminar o nosso sotaque para aumentar as oportunidades, mas para interpretar o personagem Chico Santo eu precisei recuperar o meu sotaque e ainda realizar um treinamento de entonação, porque ele é natural de uma pequena cidade interiorana. Entretanto, compreenda que vai muito além do sotaque. Foi gratificante viver e ouvir as pessoas da região.

Eu vejo "Vivo ou Morto" como um encontro da minha trajetória com a arte. Chico vende suas obras de arte com paixão e devoção, pois acredita que elas têm valor e se sente feliz em criá-las. Da mesma forma, tenho um prazer especial em atuar, pois me faz feliz e dá significado à minha vida. Acredito que todos têm um artista dentro de si, que precisa ser liberado de alguma maneira.

Braga nunca teve que simular sua morte para se destacar, mas confessa que ponderou bastante sobre seu destino como ator. "Nunca a tal ponto de decidir abandonar tudo, mas já me questionei muito sobre os desafios enfrentados pelos artistas. No entanto, não consegui me imaginar fazendo algo diferente, então continuo seguindo em frente, apesar das dificuldades (risos)."

Após o sucesso de Vivo ou Morto, Ian Braga conquistou outro trabalho na telinha - dessa vez na Rede Minas. A nova série se chama 1986 e é uma comédia ambientada no passado, narra a história de uma proprietária de açougue que precisa se adaptar à falta de carne vermelha durante o governo do ex-presidente José Sarney. "Nem sou dessa época, então tive que fazer uma extensa pesquisa para compreender a política e os hábitos enraizados naquele tempo", pontuou o criador.

Uma particularidade da série é que ela optou por não utilizar câmeras de grande porte e filmar inteiramente com iPhones. "Por ser um dispositivo móvel, é comum não saber onde exatamente está a câmera. Logo, você fica completamente envolvido com as cenas, sem poder se distrair com objetivas grandes (risos). É necessário confiar no trabalho do cineasta e simplesmente viver as cenas presentes," destaca.

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