Petrobras (PETR4): ações buscam recuperação em mais um dia com turbilhão de notícias

Hoje, as ações da Petrobras (PETR3;PETR4) apresentaram uma recuperação na sessão de terça-feira (12) com ganhos de aproximadamente 2%, após terem fechado em queda nas últimas duas sessões. Na sexta-feira passada, as ações caíram mais de 10%, devido a uma reavaliação do risco da companhia depois da decisão sobre dividendos extraordinários. Por volta das 11h50 (horário de Brasília) desta terça-feira, PETR3 subiu 2,07% (R$ 37,02) e PETR4 avançou 2,58% (R$ 36,57).

Ontem, uma reunião ocorreu entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro da Fazenda (Fernando Haddad), o ministro de Minas e Energia (Alexandre Silveira) e o presidente-executivo da Petrobras (Jean Paul Prates). Embora nenhum novo desenvolvimento tenha sido divulgado em relação aos dividendos extras, o encontro resultou em um convite para a Fazenda se juntar ao conselho de administração da empresa. Conforme fontes ouvidas pela Reuters nesta terça-feira, o ministro Fernando Haddad escolheu Rafael Dubeux, que atualmente é seu secretário-executivo adjunto na pasta, para ocupar esse assento.

Especialistas têm enfatizado a imprevisibilidade dos eventos envolvendo a empresa estatal e as consequências nas suas ações no mercado financeiro. O banco Itaú BBA observa que, após o relatório do quarto trimestre de 2023 (4T23) da Petrobras divulgado na última quinta-feira e a subsequente reação dos investidores na sexta-feira devido à ausência de distribuição de dividendos extraordinários, foi registrada uma nova oscilação de notícias sobre a Petrobras, intensificando essa montanha-russa na bolsa de valores.

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O dia começou com informações sobre uma possível correção do anúncio de dividendos feito na semana passada. Havia indicativos de que houvera alguns equívocos. O anúncio inicial foi recebido com certo entusiasmo pelos investidores, visto que dava margem para uma potencial retificação a respeito dos dividendos extraordinários. Mais tarde, novas notícias sobre possíveis investimentos e uma entrevista do presidente Lula ao SBT, criticando os dividendos da empresa estatal, alimentaram, mais uma vez, a preocupação dos investidores quanto ao grau de interferência do governo na companhia. O fluxo de informações continuou após o encerramento do pregão, com a confirmação de que Jean Paul Prates seguirá como CEO da empresa - situação que vinha causando certa desconforto entre os investidores desde o final de semana, conforme salientado pelo BBA.

O Bradesco BBI, que imediatamente após o resultado baixou a recomendação das ações PETR4 de outperform para neutra, destacou que a mensagem sobre a alocação de capital para a Petrobras é pouco precisa e considera isso negativo. Além disso, o fato de o Ministério da Fazenda não ter dado sinais de pressionar por dividendos (segundo Haddad afirmou em suas declarações para a imprensa) não é um bom sinal para pagamento de dividendos mais altos.

Os analistas do banco afirmam que ainda há expectativas de que os investidores receberão dividendos extras neste ano, mas projetam um valor-base de US$ 2 bilhões, ao invés de US$ 4 bilhões a US$ 5 bilhões. Consequentemente, o rendimento de dividendos da Petrobras será semelhante aos de outras empresas globais. O BBI menciona os eventos principais e o impacto que terão na investimento na Petrobras:

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Na entrevista com o presidente Lula no SBT, sua postura contrária à distribuição de lucros ficou evidente. De acordo com o Bradesco BBI, Lula defendeu mais investimentos por parte da Petrobras e também buscou reduzir os preços dos combustíveis. A gravação da entrevista foi realizada antes da reunião do conselho da empresa para decidir sobre os dividendos, e sua exibição posterior pode ter influenciado na decisão dos conselheiros, conforme apontado pelo banco.

A Petrobras tem a possibilidade de elevar seus investimentos (resultando em prejuízo para o pagamento de dividendos). De acordo com um artigo no jornal Valor, para minimizar as tensões dentro da empresa, Prates concordou em acelerar o progresso dos investimentos na construção de navios e transição energética. No entanto, os valores mencionados foram excessivamente altos (o que reduz a credibilidade). Em todo caso, isso fez com que o mercado questionasse se uma nova revisão da estratégia poderia ocorrer para aumentar ainda mais os investimentos.

O Ministro Alexandre Silveira sugeriu uma proposta interessante para o Ministério da Fazenda, que poderia ser benéfica para os dividendos. Ele propôs que o Ministério da Fazenda, liderado por Fernando Haddad, indicasse um substituto para Sergio Rezende na diretoria, que havia sido indicado pelo Ministério de Minas e Energia. Essa indicação ajudaria a aumentar a influência da Fazenda no conselho de administração, com o objetivo de obter mais fundos através dos dividendos. Isso também tornaria mais confortável para o CEO votar em linha com as propostas da administração. É importante destacar que, em caso de empate de 5 a 5, com a abstenção do CEO, Pietro Mendes, presidente do conselho, teria a palavra final sobre o assunto, como observado pelo BBI.

Haddad observou que o Ministério da Fazenda não forçou uma resolução sobre os lucros. Conforme relatado pelo ministro, o desempenho financeiro primário do Brasil não está relacionado ao dividendo adicional da Petrobras, em especial pois outras companhias públicas tiveram um desempenho acima do esperado. O ministro afirma que o desempenho financeiro será alcançado sem os fundos adicionais e que ficou muito impressionado com o esquema de investimentos da estatal.