Sete em cada 10 brasileiros acham que água é um bem pouco cuidado

A grande parte dos habitantes do Brasil possui uma percepção desfavorável em relação ao zelo pela água que está disponível no país. Conforme apurou um levantamento realizado pela TNC Brasil, 73% dos indivíduos no Brasil entendem que a água é um recurso natural que sofre um uso excessivo e não é tratado com a devida atenção. Tais estatísticas foram publicadas na sexta-feira (22), dia destinado a celebrar o Dia Mundial da Água.

De acordo com a pesquisa intitulada "A Percepção dos Brasileiros sobre Segurança Hídrica", realizada pela organização The Nature Conservancy Brasil com o suporte técnico do Instituto Ipsos, cerca de 58% dos brasileiros se encontram excessivamente preocupados com a escassez de água. Para 27% dos entrevistados, o consumo desmedido e o desperdício são os fatores principais que contribuem para esse problema, enquanto que a questão das mudanças climáticas ocupa o segundo lugar, com 21% dos votos.

Dentre os indivíduos entrevistados, aqueles com menor nível de escolaridade atribuem a carência de água em maior proporção à escassez de precipitações, enquanto os que possuem maior instrução ressaltam as questões de administração. Ademais, 68% da população considera que a principal ação que as organizações precisam implementar para preservar as fontes e os cursos d'água é evitar o uso insensato.

O propósito da pesquisa é averiguar em que medida os habitantes do Brasil possuem compreensão acerca da relevância da preservação do meio ambiente a fim de assegurar a salvaguarda das fontes naturais e dos cursos d'água, visando à segurança hídrica, ao progresso econômico e ao bem-estar coletivo.

A pesquisa foi feita pela Ipsos a pedido da The Nature Conservancy Brasil. Foram entrevistados 1.499 indivíduos, de ambos os sexos, acima da maioridade e das categorias sociais ABCDE, de todas as partes do país, entre os dias 8 e 15 de fevereiro deste ano. A margem de erro da pesquisa é de 2,5 pontos percentuais.

Os cidadãos brasileiros consideram o meio ambiente como um tema prioritário, já que preocupações como incêndios florestais, desflorestamento, poluição atmosférica e descarte inadequado de lixo são mencionados. Contudo, eventos climáticos extremos ligados à água, como secas e inundações, são a maior preocupação, apontada por 83% das pessoas entrevistadas.

A pesquisa revelou que as comunidades em situação de vulnerabilidade têm menor percepção da relação entre questões ambientais e o aquecimento global, enquanto aqueles que detêm mais vantagens socioeconômicas possuem uma compreensão mais abrangente.

De acordo com uma pesquisa, 45% dos entrevistados afirmaram que a restauração da floresta é a melhor maneira de assegurar a preservação da água. Essa medida é superada apenas pela aplicação das leis (53%) e pelos projetos educativos de consciência ambiental (50%).

De acordo com a pesquisa, cerca de 43% dos entrevistados consideram que a melhor forma de garantir a segurança hídrica é através da administração integrada dos recursos hídricos, envolvendo a colaboração entre governos, empresas e a sociedade civil. Essa cooperação é vista como fundamental para o desenvolvimento de soluções mais eficazes e ágeis.

Porém, uma parcela de 70% dos entrevistados demonstrou desconhecimento em relação aos Comitês de Bacia Hidrográfica. Isso indica que a grande maioria não teve contato com essa iniciativa. Do grupo que afirmou conhecer os comitês, 42% declarou não saber quais são suas funções. O Brasil já possui mais de duzentos e trinta destes comitês de bacias instituídos, que têm como meta aprimorar a qualidade da água a partir de uma gestão descentralizada.