Guerra Mundial: entenda riscos de conflito entre Israel e Irã

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Israel

Especialistas entrevistados pela Agência Brasil advertem que o conflito entre Israel e Irã pode levar a uma crise econômica global de grandes proporções e até mesmo a uma nova guerra mundial.

O desenrolar do conflito, que teve início depois que o Irã atacou Israel em sua própria terra, está sendo acompanhado de perto pelo mundo todo. Como retaliação, Israel atacou a embaixada iraniana em Damasco, na Síria. Aliados de Tel Aviv, que se mostram publicamente preocupados, pedem que o país não intensifique a batalha no Oriente Médio.

De acordo com as análises do especialista em história, formado na renomada instituição paulista USP, a humanidade está seguindo rumo a um perigoso contexto que, caso não seja interrompido, pode resultar em um conflito bélico global.

De acordo com o comentarista, lidar com o Irã em um conflito tem consequências significativas para a estrutura do poder geopolítico. Desde 1979, quando ocorreu a Revolução Iraniana, as relações entre os Estados Unidos e o Irã têm sido tensas e hostis ao longo da história.

Segundo o perito, os Estados Unidos (EUA) e seus parceiros enfrentam uma nova situação difícil. "Eles não têm a capacidade de entrarem em uma guerra total com o Irã. Isso tornaria a economia global um caos e prejudicaria as possibilidades de [Joe] Biden ser reeleito como presidente dos EUA", frisou.

Arbex recordou que o Irã domina o Estreito de Hormuz, uma estreita área marítima utilizada para o transporte de grande parte do comércio global de petróleo. “Imagina o impacto caso o Irã, em meio a um conflito, opte por bloquear o Estreito de Hormuz? O valor do petróleo dispararia e chegaria aos 150 dólares ou além, gerando grandes prejuízos à economia europeia. É por essa razão que os europeus estão profundamente preocupados”, acrescentou.

O docente de jornalismo da Universidade de São Paulo, que teve carreira como repórter internacional em Moscou e em Nova Iorque, também destacou a importância do Irã no que tange à economia da China.

"O petróleo do Irã é essencial para a economia chinesa. Se houver uma interrupção no fornecimento de petróleo devido a conflitos, é provável que a China se alinhe com o Irã", afirmou José. Ele também observou que Pequim já tem uma relação diplomática próxima com Teerã.

Natália Fingermann, professora de Relações Internacionais do Ibmec de São Paulo, afirmou que a situação de grande instabilidade que ocorre atualmente pode levar a guerra regional a outro nível, tornando-se global. Tal cenário tem-se intensificado desde a Guerra na Ucrânia.

Existe um perigo iminente que não pode ser descartado. Não é algo absurdo ou sem sentido. Este perigo pode ser uma realidade e é mais possível do que nunca, pelo menos nos últimos 40 anos. A professora também salientou a preocupação com o uso de armas nucleares.

Fingermann mencionou que o agravamento do conflito pode causar uma elevação na inflação mundial, impactando todos os países. "[Se o conflito piorar], haverá um acréscimo no valor do petróleo e, consequentemente, um processo inflacionário no mundo todo, uma vez que o petróleo ainda é a principal fonte energética e de transporte dos alimentos", complementou.

De acordo com a avaliação do professor José Arbex, Israel empreendeu um ataque contra a Embaixada do Irã localizada em Damasco, numa tentativa de atrair Teerã para o conflito e, consequentemente, se aproximar dos Estados Unidos em Tel Aviv.

O perito alegou que Israel se encontrava em uma posição de isolamento no cenário internacional e, internamente, o governo estava enfrentando pressões para que o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, renunciasse em vista do risco de ser preso caso saia do poder. Ademais, ele mencionou que a economia do país estava em parte paralisada em decorrência da guerra, o que constituía mais um fator de preocupação para Israel.

Netanyahu apostou todas as suas cartas em intensificar a disputa com o Irã para conseguir suporte dos Estados Unidos, que estava diminuindo devido às eleições norte-americanas. Ele também afirmou que Gaza está influenciando negativamente as chances eleitorais de Biden.

Natalia Fingermann, professora, recordou que Israel alegou oficialmente que o ataque à embaixada do Irã foi realizado para desmantelar o suporte dado pelo país ao Hezbollah, grupo libanês em conflito na fronteira norte de Israel. Todavia, ela julgou que Netanyahu obteve outras vantagens com o envolvimento direto do Irã.

Inicialmente, ele desloca a atenção de Gaza, que deixa de ser discutida globalmente, e, assim, ele obtém novamente apoio tanto no âmbito interno quanto externo. Por conseguinte, ele é bem sucedido em consolidar o seu poder.

Fingermann afirmou que a admissão do Irã pode acarretar resultados indesejados para a defesa dos palestinos. A especialista destacou que Netanyahu foi o maior beneficiário dessa recente mudança.

Quando as principais nações aliadas de Israel, tais como Estados Unidos, França e Inglaterra, redirecionam sua atenção do território de Gaza para o Irã, existe uma preocupação considerável de que a população local possa vir a ser negligenciada e deixada à própria sorte.

O professor José Urbex afirmou que a questão palestina ganha mais importância, uma vez que atesta que essa nação não está isolada em seu embate contra Israel. Além disso, ele destacou a declaração da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que, embora tenha criticado o Irã, solicitou uma solução para o conflito palestino.

Ela não fez tal declaração à toa. O Irã deixou bem claro que, se a guerra continuar, a situação ficará caótica”, explicou. Além disso, Arbex analisou que o ataque iraniano evidenciou uma certa fragilidade de Israel, que contou com a ajuda de seus aliados para enfrentar os drones de Teerã.

"Os Estados Unidos, Inglaterra, Jordânia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e uma fragata francesa estacionada nas proximidades foram os países que deram suporte a Israel. Portanto, há pouco que Israel possa fazer além disso. A nação é completamente confiante em seus aliados externos", afirmou.

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