OJ Simpson: os assassinatos que levaram à derrocada do ex-atleta, protagonista do 'julgamento do século'

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O.J. Simpson

Para muitos indivíduos, uma das cenas icônicas do declínio de OJ Simpson, que faleceu na quarta-feira (10/04) com 76 anos, foi exibida ao vivo na televisão no dia 17 de junho de 1994.

O.J. Simpson - Figure 1
Foto BBC

Imagine o seu ídolo esportivo da infância - uma figura emblemática amada em toda a América - subitamente envolvido em uma perseguição policial de carro pelas estradas de Los Angeles.

Sob o apelido de "O Suco", ele se tornou uma figura notável no final dos anos 1960 e posteriormente alavancou sua posição em um salto para uma carreira lucrativa como ator, comentarista esportivo e promotor de produtos. Sua aposentadoria do futebol americano ocorreu em 1979.

Sentado no assento traseiro do Ford Bronco colorido de branco encontrava-se Simpson, que segurava uma arma, indo acompanhado por um velho conhecido, Al Cowlings, que conduzia o veículo.

Um antigo competidor da elite do futebol americano, a NFL, estava sendo processado por ter supostamente cometido os homicídios de sua ex-cônjuge, Nicole Brown Simpson, e de seu colega, Ronald Goldman. Este último foi encontrado sem vida, com múltiplos ferimentos de arma branca, em frente à luxuosa residência do acusado localizada no bairro de prestígio em Brentwood.

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Simpson tinha aceitado se entregar às autoridades, mas optou por fugir. Após uma perseguição de duas horas, ele acabou sendo capturado em sua própria residência, quando finalmente decidiu se render.

As imagens prenderam a atenção de toda uma nação, e o desenrolar dos acontecimentos tornou-se conhecido como "o julgamento do século" nos meios de comunicação norte-americanos, sendo transmitido ao vivo do tribunal para milhões de telespectadores.

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O.J. Simpson - Figure 2
Foto BBC

Inclusivamente, o ex-presidente Bill Clinton teria interrompido o seu trabalho na Sala Oval da Casa Branca para ver o julgamento na televisão.

A agitação dos meios de comunicação em torno do processo de Simpson foi influenciada por uma América dividida por questões raciais quanto ao caso.

Segundo pesquisas, a maior parte dos cidadãos brancos norte-americanos acreditava na culpabilidade dele, ao passo que a maioria dos indivíduos negros o considerava inocente.

Os acusadores sustentaram que Simpson assassinou Nicole durante um acesso de raiva originado pelo ciúme. As provas apresentadas incluíam testes sanguíneos, filamentos capilares e fragmentos têxteis que associavam Simpson ao duplo homicídio.

Durante o julgamento, veio à tona a suposta ocorrência de violência doméstica por parte de Simpson, com a divulgação de documentos policiais que mostravam que, no começo de 1989, Nicole teve que receber tratamento hospitalar após ter sido agredida pelo próprio marido.

Desde o começo do processo, OJ Simpson afirmou com convicção que era “totalmente inocente”. Seus advogados alegaram que Simpson foi acusado injustamente pela polícia movida por preconceito racial.

O time de advogados que defendeu OJ, conhecido como o "time dos sonhos", foi enfatizado no documentário vencedor do Oscar "OJ: Fabricado na América". Eles destacaram a questão racial durante o julgamento, mesmo que Simpson não fosse um ativista dos direitos civis dos negros nos EUA.

Robert Shapiro, um dos advogados de Simpson, afirmou que não só empregaram a carta da raça, mas também a extraíram do final do baralho.

Durante o processo judicial, OJ experimentou um par de luvas manchadas de sangue - uma das quais foi encontrada no local do crime - que não pareciam se encaixar em sua mão, momento considerado como um grande golpe para a acusação.

O.J. Simpson - Figure 3
Foto BBC

Essa afirmação foi proferida por um dos seus advogados, Johnnie Cochrane, durante as suas considerações finais para o júri: "Se não se encaixa, é preciso absolvê-lo".

Muitos ficaram chocados e revoltados ao ver Simpson ser considerado inocente pelo júri em 3 de outubro de 1995.

Ele fez um gesto para os membros do júri e sussurrou "agradecido" assim que a decisão foi proferida.

Todavia, os familiares de Ronald Goldman e Nicole Brown Simpson ingressaram com uma ação civil contra Simpson. Em 1997, ele foi considerado culpado pelo falecimento das vítimas e foi compelido a indenizar as famílias com uma quantia de milhões de dólares.

Passado uma década, em setembro de 2007, Simpson ingressou em um quarto de hotel em Las Vegas, acompanhado de uma equipe composta por homens, sendo que dois deles portavam armas. Naquele local, estavam dois comerciantes de artigos esportivos raros, que mantinham em sua posse itens que Simpson acreditava serem de sua propriedade.

Em outubro de 2008, o indivíduo foi sentenciado a 33 anos de cárcere por cometer diversos crimes, tais como roubo à mão armada, violência física e sequestro. Já em 2017, ele foi liberado mediante liberdade condicional.

Algumas pessoas, inclusive o advogado de Simpson, caracterizaram a escolha do júri como um "ato de represália" pelo passado veredicto de inocência em 1995.

No decorrer do processo civil para reaver o dinheiro devido, a família de Nicole obteve, em 2007, os direitos de If I Did It ("Se eu tivesse feito isso", em tradução livre), o controverso livro em que Simpson detalha como teria cometido os assassinatos, caso ele fosse o responsável.

Eles reeditaram a publicação com novas observações, contudo diminuíram consideravelmente a presença do termo "se" na capa e incluíram o subtítulo "relatos de um assassino" - este é o retrato que muitos vão ter dele, apesar de ter sido absolvido em 1995.

Já se sabia que Simpson estava enfrentando um câncer na próstata.

Há dois meses, ele publicou um vídeo em sua conta da plataforma X com o objetivo de tranquilizar seus admiradores. Eles ficaram preocupados ao verem fotos onde ele aparecia curvado e com dificuldades de locomoção.

Eu me encontro em boas condições de saúde, ainda que esteja enfrentando algumas adversidades. Contudo, creio que consegui superar essa situação e espero voltar a jogar golfe em poucas semanas.

Foi extremamente agradável escutar vocês e receber mensagens encorajadoras e otimistas.

Foi comunicado o falecimento do indivíduo nesta quinta-feira (11/4) por meio de uma postagem realizada na plataforma virtual X, feita por sua família.

Os parentes relataram que no dia 10 de abril, seu progenitor, de nome Orenthal James Simpson, faleceu após enfrentar bravamente uma luta contra a doença cancerosa. Ele se encontrava rodeado pelos seus descendentes.

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