Senado volta a expor primeira obra de arte restaurada após ...

31 Jan 2023

Ao todo, 14 obras de arte foram danificadas durante a invasão ao Congresso Nacional. O quadro de Mondim, em acrílico sobre eucatex, mede 92 por 112 centímetros e foi pintado em 1967.

Quadro 'Trigal na Serra', de Guido Mondin, foi molhado durante invasão ao Congresso Nacional — Foto: Senado Federal/Divulgação

Segundo o Senado, após os ataques, a tela foi encontrada no chão, separada da moldura, molhada e arranhada.

"Fragmentos de vidros quebrados durante a invasão e outros estilhaços provocaram arranhões e perda de policromia (várias cores). A obra estava encharcada e empenada pela umidade, depois que os vândalos acionaram mangueiras e hidrantes de combate a incêndio", informa a Casa.

Restauração

Restauração da obra 'Trigal na Serra', de Guido Mondin, no Senado — Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

O conservador do Laboratório de Restauração do Senado, Nonato Nascimento, foi o responsável pela recuperação da obra, que começou logo após os ataques.

À Agência Senado, ele disse que o primeiro passo foi a retirada dos primeiros fragmentos de vidro com uma trincha macia, seguida de uma série de medidas para devolver o quadro ao estado original.

"Como ele ficou muito encharcado, no dia seguinte já tinha muito fungo. Borrifei uma mistura de álcool e água no fundo da tela, onde estava a maior parte dos fungos. Removi os esporos com um aspirador e uma escova macia. Coloquei a tela entre papéis mata-borrão para retirar a umidade e, depois, em uma prensa para planificar. Fiz a reintegração cromática nos locais onde houve danos e perda de policromia", conta Nonato.

Nonato também comenta sobre a sensação de ver a obra destruída e, enfim, restaurada: "Quando percebi o estado em que ela estava, foi chocante. É de arrepiar. Mas, quando terminei o trabalho de restauração, foi uma alegria no laboratório. Ela ficou linda de novo, está perfeita", diz.

Restauração de outras obras

Obras de arte são destruídas na invasão de bolsonaristas radicais no Palácio do Planalto, Congresso e STF

Obras de arte são destruídas na invasão de bolsonaristas radicais no Palácio do Planalto, Congresso e STF

A coordenadora do Museu do Senado, Maria Cristina Monteiro, conta que a recuperação de outra peça danificada pelos invasores está prestes a ser concluída: uma cadeira do século XIX, usada no Salão Nobre para a recepção de autoridades estrangeiras.

Segundo Monteiro, ainda não há um cronograma definido para a restauração e a entrega de todas as obras danificadas. O custo total dos reparos pode chegar a R$ 1 milhão.

"Vai depender da avaliação de cada peça. A tapeçaria de Burle Marx será restaurada em São Paulo. O painel vermelho de Athos Bulcão pode levar de três a quatro meses. Fizemos uma parceria com a Secretaria de Cultura do Distrito Federal, que deve ceder servidores para auxiliar o restauro. O quadro de Gustavo Hastoy, 'Ato de Assinatura do Projeto da 1ª Constituição', vai precisar de um projeto específico, porque é muito grande, muito pesado e está chumbado na parede. Vamos precisar contratar um guindaste específico para retirá-lo. Cada peça tem uma história", diz.

Quem foi Guido Mondin

Guido Fernando Mondin nasceu em Porto Alegre (RS), em 1912. Foi pintor, economista, empresário, professor e político, fundador da Associação Rio-Grandense de Artes Plásticas e membro da Academia Brasileira de Belas Artes.

O pintor produziu mais de 4 mil telas e doou vários de seus quadros ao Senado. Além de "Trigal na Serra", compõem o acervo da Casa as seguintes obras:

"Família de Retirantes""Frei Franciscano""Panorama Mineiro""Barcos""Marina em Capri""Figueira""Retrato do Dr. Isaac Brown""Os Arcos do Rio de Janeiro""Velha Roma"

Na vida pública, exerceu cargos de senador por dois mandatos (1959 a 1975), deputado estadual e federal, vice-prefeito de Caxias do Sul (RS) e ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Mondin morreu em 2000, aos 88 anos.

Veja mais notícias sobre a região no g1 DF.

Ler mais
Notícias semelhantes