Outono começa sem chuva e deve ter calor acima da média na ...

19 Mar 2023

Estação será marcada por um tempo mais quente que o habitual, ressaca e mar agitado no litoral de São Paulo

Por: Gabriel Fomm  -  19/03/23  -  12:39

O outono da região será diferente do normal

O outono da região será diferente do normal   Foto: Matheus Tagé/Arquivo/AT

Será que o outono é mesmo sempre igual? Este pode não ser. Climatologicamente, a estação é marcada pela redução das chuvas, pelas aparições de massas de ar frio que provocam a queda da temperatura e a chegada do período mais frio. Contudo o esperado neste ano é um pouco diferente: o calor resistirá na Baixada Santista.


De acordo com a meteorologista da Ampere, Heloísa Pereira, o outono astronômico começa nesta segunda-feira (20) às 18h25 pelo horário de Brasília, com fim no dia 21 de junho, e a estação marca a transição entre o verão quente e úmido nas porções centrais do país para o inverno frio e seco.

“Este ano, diferente dos dois últimos outonos, a estação começa influenciada por aquecimento mais amplo nas águas equatoriais do Oceano Pacífico. Em tese, os artigos científicos apontam que isso pode significar menos ondas de frio chegando ao centro-sul do País no decorrer do outono, uma vez que com o aquecimento do Pacífico Equatorial a circulação pode favorecer um escoamento mais ‘travado’ dos sistemas no extremo sul do Brasil, dificultando a passagem de sistemas e massas de ar frio”, explica.

Por isso, a profissional reforça que, para este outono, os modelos preveem “anomalias de temperaturas”, pois serão um pouco mais altas para boa parte das áreas centrais e sul do Brasil, atingindo também a Baixada Santista.

A especialista afirma que entre os meses de abril, maio e junho, os termômetros em média podem marcar de 0.5 a 1ºC acima da normalidade na estação. “Isso não significa que uma massa de ar frio ou outra não poderá chegar ao litoral de São Paulo, mas a frequência de ocorrência desses episódios deverá ser menor”.

Em relação à chuva, os modelos meteorológicos projetam água abaixo da média em abril, o que significa que os volumes acumulados devem permanecer na faixa de 10 a 150 mm distribuídos ao longo do mês. “Entre maio e junho, as previsões ficam de dentro até ligeiramente acima da média, mas de acordo com a climatologia, a média é mais baixa e os volumes já não devem passar de 100 mm na maior parte dos pontos da Baixada Santista”.

O calor intenso do verão começará a ficar menos intenso pelo outono, mas a profissional reforça que será aos poucos e a sensação de tempo abafado deve marcar ainda esse início de estação, afinal os modelos preveem um período menos rigoroso em relação a ondas de frio.

“Com a presença de uma alta pressão próxima da costa sul e sudeste, os sistemas como frentes frias e baixas pressões terão maior dificuldade para se formar próximos ao litoral de São Paulo. Com isso, a previsão para essa virada de março para abril é de menos chuva e mais dias quentes”, informa.

Podem ter pancadas de chuva isoladas, até com forte intensidade em alguns pontos, porém os modelos estão longe de indicar, o mesmo risco de evento extremo que foi registrado em fevereiro, quando fortes chuvas atingiram o litoral de São Paulo e causaram tragédias em Guarujá, Bertioga e no Litoral Norte.

Mar agitado

As folhas caem no quintal, a chuva diminui aos poucos e o calor se mantém nos primeiros dias do outono. Porém, também é época de marés altas e mar agitado, o que torna possível uma frequência maior de ressacas, enchentes e alagamentos.

Em entrevista para A Tribuna, o meteorologista da Defesa Civil de Santos, Franco Cassol, explica que as chuvas tendem a ficar menos volumosas e com uma sequência menor. Apesar de ter possibilidade da passagem de frentes frias, o especialista reforça que os primeiros dias devem ser de calor.

“A parte marítima vai ter um risco maior para a estação. A gente sabe que do outono para o inverno é a época com mais ocorrências de ressaca. No verão não tivemos muitos problemas quanto a isso, mas agora isso tende a acontecer algumas vezes sim”, diz.

Mesmo com a tendência da chuva diminuir, o Plano Preventivo da Defesa Civil continua em vigor nos morros de Santos até o final de abril, afinal não se descarta a possibilidade de uma frente fria se aproximar acompanhada de uma forte chuva.

“Agora nas primeiras semanas não temos previsão de ressaca e agitação no mar, mas a tendência ao longo da estação é que tenhamos alguns eventos. À partir de abril já começam esses tipos de ocorrências e não se descarta a presença de chuvas fortes, mas são concentradas e não ficam vários dias seguidos em sequência”, afirma.


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