Confira 5 desafios que novo presidente da Argentina enfrentará | CNN Brasil

Argentina

Está chegando ao fim a eleição presidencial de 2023 na Argentina, marcada por reviravoltas desde as primárias, passando pelo resultado do primeiro turno e pelas alianças formadas para o segundo.

No domingo seguinte (19), as pessoas terão a derradeira chance de escolher quem liderará a governança pelos próximos quatro anos: será Sergio Massa ou Javier Milei.

Não importa quem seja escolhido, o futuro líder argentino terá que lidar com cinco grandes obstáculos. Saiba mais sobre eles a seguir.

Inflação: Chave Para Solucionar

Os especialistas entrevistados pela CNN concordam que o ponto central do futuro, assim como o atual, é a inflação e as consequências associadas a ela.

As informações recentes divulgadas pelo governo indicaram um crescimento de 120% desde o início deste ano e um avanço anual superior a 140%.

Na Argentina, há um problema persistente que tem tirado o sono de governos com ideologias diversas. A questão ainda não foi solucionada de forma sustentável nesta última década. Além disso, outros indicadores preocupantes somam-se a este problema, como a taxa de pobreza elevada de 40%, índices alarmantes de empregos informais e a atual taxa de câmbio.

De acordo com Estefanía Pozzo, editora-chefe do Buenos Aires Herald e especialista em economia e finanças, a Argentina tem pela frente dois tipos de desafios: os imediatos e urgentes, assim como os de médio prazo, que também exigem atenção imediata.

“Houve uma safra muito baixa neste ano, com escassez significativa de reservas em moeda estrangeira no Banco Central, o que enfraquece o poder do governo em tomar decisões em relação à política econômica”, explica o orador. Como resultado, ele conclui que no futuro próximo, a solução de questões no âmbito do Banco Central será fundamental devido à complexidade das decisões que o governo precisará tomar para lidar com o déficit de dólares em relação à situação cambial, financeira e monetária."

"Credibilidade: A Questão Central"

De maneira semelhante, o especialista em economia Claudio Zuchovicki indica que a principal dificuldade se encontra na confiança que o futuro ocupante da posição, que assumirá em 10 de dezembro, poderá estabelecer.

Segundo a declaração, a Argentina alterou os preços em comparação uns aos outros, levando a muitos ativos com valores abaixo do que seria possível obter através da cotação oficial da moeda, dos preços da energia e da gasolina, entre outros exemplos.

De acordo com Zuchovicki, a mudança resultou em falta de recursos e, para corrigir tal situação, é preciso contar com uma grande influência política.

“Eles terão que implementar medidas que não foram mencionadas durante a campanha”, esclarece.

Juan Germano, o diretor da empresa Isonomía, complementa que não existe outra opção a não ser um plano confiável e sustentável de estabilização.

Ele enfatiza que não existem mais soluções fáceis, seja por meio de empréstimos ou aumento de produção. É preciso encarar a crise de frente e tomar medidas concretas para reverter a situação econômica. A população não aceitará mais governos que se contentem em seguir à deriva, sem buscar soluções efetivas para os problemas. É hora de mudar de postura e agir com responsabilidade e comprometimento.

Segundo Facundo Nejamkis, um profissional especialista em análise e diretor da empresa Opina Argentina, a essência do problema não é de natureza econômica, mas sim política. Nejamkis explica que gerar inflação é de fato um problema em um país que emite moeda, contudo, o verdadeiro dilema reside na escolha de quem cortar gastos públicos para evitar o aumento da inflação sem emitir dinheiro novo. Essa tomada de decisão, segundo ele, é uma questão política.

Novos Ciclos: Dentro E Fora Do Partido

Aquele que assumir a presidência terá diante de si grandes obstáculos no âmbito social e macroeconômico, em particular a estabilização da inflação, entre outros. No entanto, existem dificuldades internas que precisam ser superadas para governar com eficácia.

Caso venha a assumir o cargo, Sergio Massa terá pela frente dificuldades que são inteiramente diferentes das que possivelmente serão enfrentadas por um governo sob a liderança de Javier Milei.

De acordo com o analista político Andrés Malamud, o maior obstáculo que o atual ministro da Economia enfrentará não está no exterior, mas sim no seu próprio partido. Ao contrário do presidente atual, Alberto Fernández, Malamud argumenta que Massa se desvencilharia rapidamente de Cristina para se concentrar no seu verdadeiro adversário: Axel Kicillof, governador eleito da província de Buenos Aires e um dos líderes mais influentes do partido atualmente.

De acordo com Nejamkis, a pergunta em foco é se o presidente eleito irá iniciar um novo estágio na arena política da Argentina.

O analista declara que é complicado conceber uma liderança substancialmente distinta da dos Kirchner e do atual presidente Alberto Fernández se considerarmos um potencial sucessor que apenas execute gestos específicos, porém insuficientes, para a reconstrução das reservas econômicas.

"Se Massa redesenha o cenário de influências e há uma emergência de um novo movimento dentro do partido peronista, é necessário nos preparamos para uma possível extensão no período político."

Congresso E Governança: Parceria Efetiva

Para Milei, os obstáculos extras se relacionam principalmente com o Parlamento e a administração pública.

De acordo com Malamud, o economista enfrentaria o desafio de "estabelecer um governo com suporte de Macri", considerando a exigência de auxílio do antigo presidente Mauricio Macri e seus parceiros políticos, tanto nas esferas legislativa quanto territorial, para implementar suas propostas governamentais.

Nejamkis sugere que há duas possibilidades a serem consideradas: "É necessário avaliar se Milei planeja adotar medidas radicais ou seguir uma abordagem mais convencional de combate à inflação", ela explica.

Segundo ele, se persistir com a intenção de causar disrupção, acarretará em um tempo marcado por intensos conflitos políticos e sociais.

"A Expectativa Para O Futuro Presidente Em 2024"

Por enquanto, as perspectivas econômicas para o próximo ano indicam um cenário promissor.

De acordo com o economista Claudio Loser, se não houver seca no futuro próximo, a situação para a agricultura e exportação será bem favorável. Ele acredita que haverá um aumento na produção e disponibilidade de petróleo e gás através do gasoduto Vaca Muerta, o que seria vantajoso para ambos os candidatos presidenciais.

As vantagens seriam evidentes em situações como a quitação das obrigações financeiras, tanto particulares quanto com o Fundo Monetário Internacional, as quais permitiriam revitalizar a precária economia argentina.

Este material foi originalmente produzido em idioma espanhol.

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