Inflação na Argentina chega a 138,3% ao ano a duas semanas das eleições presidenciais

Argentina

O índice de inflação no país argentino atingiu 138,3% ao ano no mês de setembro. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, os preços tiveram um aumento de 12,7% apenas neste mês. Estas informações foram divulgadas há menos de duas semanas das eleições presidenciais.

No dia 22 de outubro, antes do primeiro turno das eleições, o ministro da Economia, Sergio Massa, candidato do governo, enfrentará nas eleições o ultraliberal Javier Milei, que é favorito nas pesquisas, e a conservadora Patricia Bullrich. Nessa mesma data, será divulgado o índice de preços ao consumidor (IPC).

Milei sugere a adoção do dólar como moeda oficial da economia, bem como a abolição do Banco Central, porém, sua ideia foi refutada pelos outros dois candidatos com possibilidade de vitória, de acordo com as pesquisas.

Em setembro, o índice mensal de inflação atingiu o patamar mais alto no que vai de ano, dobrando em relação a janeiro, totalizando 6%. Os setores que apresentaram as maiores elevações durante esse período foram vestuário e calçados (com incremento de 15,7%), lazer e cultura (com incremento de 15,1%) e alimentos e bebidas não alcoólicas (com incremento de 14,3%). Até setembro, o índice total acumulado atingiu um crescimento de 103,2%.

A inflação na Argentina é uma das mais altas do mundo e aumentou em 12,4% em função de um aumento generalizado de preços. Essa alta ocorreu depois do governo ter desvalorizado o peso em cerca de 20%.

Na quinta-feira, o Banco Central optou por elevar outra vez a taxa de juros, atingindo 133% ao ano (11% mensais). Embora seja um valor elevado, ainda está abaixo da inflação.

De acordo com uma nota do Banco Central, os dados recentes mostram que a taxa de aumento dos preços em geral tem desacelerado desde o seu pico na terceira semana de agosto. Isso indica que a inflação mensal em outubro também irá desacelerar significativamente.

Na Argentina, a taxa de inflação segue estabelecendo novos recordes.

A depreciação da moeda argentina, implantada em 14 de agosto, um dia depois da votação primária, na qual Milei saiu como o candidato mais escolhido, teve repercussões sobre a inflação de setembro, como marcado pelo economista Federico Zirulnik, pertencente ao Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais Scalabrini Ortiz.

Zirulnik, em declaração para a AFP, expôs que a desvalorização teve início no meio do mês, o que resultou em cerca de metade do impacto da mesma sendo refletido nos preços de setembro. Esse fenômeno é conhecido pela sua designação estatística como "efeito de arrasto".

Desde 2019, a Argentina tem um sistema de controle cambial que impõe severas limitações à aquisição de moedas estrangeiras. A inflação é um problema persistente na economia argentina, que em 1989 sofreu uma hiperinflação.

Zirulnik argumentou que existe um risco latente de retornar à hiperinflação. Atualmente, vivemos uma situação de estabilidade inflacionária com taxas mensais em torno de 12%. Entretanto, se estivéssemos passando por uma hiperinflação, a taxa teria subido de 12% no último mês para 15% ou 20% neste mês, e para 25% no mês seguinte. Essa é a diferença crucial.

O câmbio oficial está estabelecido em 365 pesos por cada dólar.

No mês de outubro, verificaremos se essa competição será capaz de impactar os valores novamente. Caso o governo tenha êxito em manter a cotização oficial da moeda, é possível que em outubro estejamos abaixo dessa taxa de inflação de 12%. Do contrário, poderemos continuar ascendendo gradativamente e, talvez, chegar à hiperinflação em algum momento. Essa foi a advertência feita por Zirulnik.

Ler mais
Notícias semelhantes