Qual é o sentido desses amistosos da seleção na Europa, contra ...

16 Junho 2023

Qual é a finalidade desses amistosos da seleção? O questionamento é meu, mas poderia ser de qualquer torcedor brasileiro que ainda se interessa pelos jogos do Brasil fora das Copas do Mundo. Não vejo nenhum sentido em reunir os melhores jogadores do País para partidas amistosas neste momento nas condições em que elas vão acontecer, neste sábado, em Barcelona, contra Guiné e na próxima terça-feira diante de Senegal, em Lisboa. Não há sentido neles de qualquer ponto de vista.

O Brasil está sem técnico, portanto, nada do que Ramon pensar e colocar em prática vai ser levado em consideração. Nem pela CBF nem pelos próprios jogadores. Isso não tem nada a ver com qualquer falta de respeito ao treinador interino. Longe disso. Ramon foi alçado ao cargo e está ajudando dentro do seu profissionalismo e experiência como comandante do sub-20. Nada mais do que isso.

Ramon treina a seleção brasileira em Barcelona para amistoso contra Guiné Foto: Albert Gea / Reuters

Do ponto de vista esportivo, é pior ainda. Ganhar de Guiné e Senegal não é mais do que obrigação, mesmo para a seleção brasileira sem encanto. Perder, no entanto, é mais um problema para a CBF e para o elenco, que voltará a ser questionado, assim como foi na Copa do Catar e no amistoso com Marrocos. Então, a seleção só tem a perder nesses amistosos na Europa. Nem o melhor jogador do time estará em campo, Neymar. Ele está machucado. Tomara ao menos ele esteja no estádio. Ficará estranho se não estiver, já que esteve na F-1 e na NBA.

Os jogadores que atuam na Europa ainda estão prolongando em mais duas semanas suas merecidas férias após a temporada. Outro problema para a CBF com os clubes desses atletas. Eles próprios estão cansados, embora não admitam. A cabeça deles não está na seleção. Fazem porque são profissionais.

Talvez o melhor momento desses amistosos tenha acontecido na quinta-feira, quando o presidente da Fifa cooptou Vinícius Júnior para sua campanha mundial contra o racismo. Gianni Infantino esteve com a seleção brasileira para se juntar ao time levando essa bandeira. Foi bacana. O Brasil vai jogar de preto no primeiro tempo do jogo deste sábado.

Há compromissos financeiros da CBF para as partidas, mas isso, convenhamos, não pode ser o mais importante para o Brasil agora. Tudo parece fora do lugar. A entidade tem de pensar fora da caixinha. Reunir o time no Brasil, fazer amistosos contra equipes nacionais em jogos promocionais para aproximar a seleção do torcedor, abrir os portões para treinos em capitais são ideias que poderiam ser pensadas e tratadas com mais carinho. Levar o Brasil para a Europa é continuar afastando o elenco do brasileiro.

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Imagine um jogo-treino do Brasil com o Flamengo, com o Palmeiras, com o Botafogo, com o São Paulo, com o Cruzeiro, de Ronaldo... Pensa no tamanho disso dentro do Brasil. Valeria muito mais do que esses amistosos, com todo respeito aos rivais, na Europa. Principalmente porque não há rodada no futebol nacional neste fim de semana. Teria mais peso em todos os sentidos.

Repito: sei dos contratos e dos compromissos financeiros, mas a CBF, se quiser mudar mesmo em relação à seleção até a Copa do Mundo de 2026, precisa fazer diferente, pegar outros caminhos. Em um mês, a CBF deve anunciar um novo treinador, agora de forma oficial, e terá de mudar seu rumo para resgatar o laço da seleção com o torcedor.

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