Matheus Pereira faz forte relato sobre drogas, suicídio e depressão e sua redenção no Cruzeiro

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Matheus Pereira

Jogador Revela Detalhes Pessoais Em Carta

Em 19 de abril de 2024, às 11h34.

Imagem: Staff Images / Cruzeiro / Notícias do Mundo Esportivo

Matheus Pereira - Figure 1
Foto Terra

O jogador Matheus Pereira, do Cruzeiro, desabafou intensamente sobre drogas, depressão e suicídio em uma carta aberta divulgada no The Players Tribune na quinta-feira (18). Na mesma ocasião, o meia da equipe Celeste expressou seu amor pelo time e declarou que reencontrou a felicidade ao jogar pelo Cruzeiro.

Em 2024, o meio-campista de destaque do time Cruzeiro compartilhou sua trajetória pessoal e os obstáculos que teve que enfrentar. Durante suas revelações, Matheus Pereira mencionou sua experiência em Portugal, onde viveu como imigrante sem documentos.

O atleta relatou que ficou dois anos no Sporting somente realizando treinos, pois não era permitido participar das competições devido à sua condição de imigrante ilegal. Ele descreveu essa situação como desconfortável, repleta de medo e insegurança.

Matheus compartilhou que, naquele mesmo período, iniciou o uso de substâncias ilícitas. "Eu me juntei a um grupo de amigos que fumavam maconha e eu passava horas completamente chapado. Também bebia bastante e gastava todo meu dinheiro em festas. Depois, eu me sentia completamente esgotado e me considerava um fracasso. A ideia da tristeza que meus pais sentiriam se soubessem me assombrava constantemente", explicou o meio-campista.

Na carta que Matheus escreveu, ele contou sobre sua saída do clube Sporting e o momento difícil que viveu em seguida. "Assim que retornei a Lisboa, precisei me mudar novamente. Dessa vez fui emprestado para jogar no Nuremberg, na Alemanha. Não sabia falar nem alemão, nem inglês ou francês, apenas o português. Foi o período mais silencioso da minha vida... Eu sei que pode ser difícil entender para quem está de fora. Até mesmo para mim, é complicado explicar. Tudo o que posso dizer é o que sentia: tristeza e fracasso corroendo cada parte do meu corpo", revelou Matheus.

O jogador de meio-campo discutiu a sua transferência para o Al-Hilal e expressou, novamente, os seus sentimentos de tristeza. "Aconteceu durante a pandemia de Covid, quando os clubes começaram a ser mais cautelosos com os seus gastos. Recebi uma proposta inacreditável do Al-Hilal, da Arábia Saudita, e decidi mudar-me mais uma vez", explicou o jogador.

Eu estava receoso com os efeitos que esta alteração poderia gerar na minha mente, contudo o retorno financeiro é bastante vantajoso. Tranquei um papo com minha esposa e optamos por aceitar a oferta. Não tardou muito para a minha debilidade psicológica aflorar novamente. Não soube identificar com precisão a origem deste mal-estar, mas creio que seja resultado de uma somatória de situações vivencidas. Residindo em Riad, senti ausência da minha igreja", finalizou Matheus.

Na sua correspondência, o atleta conta sobre uma ocasião em que tentou tirar a própria vida durante sua passagem pelo Al-Whada.

O atleta relatou que jogou pelo Al-Wahda, sendo hospedado em um hotel de luxo em um apartamento no 19º andar. De acordo com sua esposa, a vista lá de cima era belíssima, mas para ele, tudo parecia escuro e desesperador. Ele estava cansado de lutar e se esgotou emocionalmente, sem entender a fonte do seu sofrimento. Para aliviar a dor, ele chegou a consumir três garrafas de vinho em uma noite e, algumas vezes, treinou bêbado. Como resultado, ele precisou ser hospitalizado várias vezes por hipocalemia, devido à falta de potássio no organismo, já que se alimentava apenas de bebidas alcoólicas.

Certo dia, quando abri a janela de nosso apartamento com vista maravilhosa, quase me joguei, se não fosse por meu cônjuge, que se prontificou mais rapidamente e me segurou, trazendo-me para dentro. Depois disso, ficamos por muito tempo chorando e abraçados no chão da sala, conscientes de que aquilo não era o fim - nem para mim, nem para meu sofrimento.

Ao finalizar sua correspondência, Matheus salienta que encontrou sua identidade no Cruzeiro e que, neste momento, vivencia a realização de seu anseio de atuar em seu time do coração.

"Se havia possibilidade de sucesso, se existia alguma chance, o Cruzeiro era a minha única alternativa. Eu reuni minhas coisas em Portugal e, de forma entusiasmada, pela primeira vez decidi mudar de forma livre e consciente", relatou Matheus.

No Cruzeiro, experimentei algo além de paz. Encontrei a mim mesmo. Parece trivial, mas não é. Nos momentos de incerteza - e enfrentei muitos -, é difícil nos reconhecermos. Isso agrava ainda mais a situação já delicada em que nos encontramos. Chegamos a esquecer de nossa própria identidade", revela Pereira.

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