Seedorf e o Botafogo: bastidores explicam por que relação de carinho se transformou em frieza

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Confira todas as jogadas que resultaram em gols marcados por Seedorf durante sua passagem pelo Botafogo no Campeonato Brasileiro.

A atitude de não mencionar o seu ex-time já tinha causado surpresa dois dias atrás, quando ele inaugurou um projeto social no Rio. Esses dois incidentes levantaram questionamentos: Qual é a atual relação entre Seedorf e o Botafogo?

Ele possui ideias muito inflexíveis. Quando a equipe do Botafogo estava em declínio no campeonato e alguns queriam utilizar isso de modo prejudicial, ele preferiu não fazer nenhum comentário. Eu não acredito que ele não tenha apreciado jogar pelo Botafogo - afirma André Silva, que era o vice-presidente de futebol na época em que o holandês foi contratado.

A xinfrim saída impactou negativamente uma relação que era muito afetuosa. O repórter do Ge revela os coulisses da experiência no Botafogo e da saída do renomado jogador holandês, onde ocorreram problemas de atraso no pagamento, promessas não cumpridas e diversas tentativas de alterações na rotina dos atletas, incluindo a exclusão do feijão do menu.

Os fatos tiveram início no ano de 2011. À época, o presidente do Botafogo era Mauricio Assumpção, que faleceu em 2023. A fim de firmar uma contratação que causasse grande impacto, o clube cogitou tanto a possibilidade de contar com Diego Ribas – que jogava pelo Wolfsburg na ocasião – quanto a de disputar com o Flamengo a contratação de Ronaldinho Gaúcho, que já estava em negociação com o time rubro-negro.

Seedorf desembarca no Rio de Janeiro e é calorosamente recepcionado pelos adeptos do Botafogo.

Serginho, antigo jogador na posição lateral e atualmente membro da diretoria do Milan, propôs o nome de Seedorf. O holandês, que contava com 35 anos, estava na temporada final de seu contrato com o clube italiano, que não demonstrava interesse em renovação. Ademais, o meio-campista, que era casado com uma brasileira, podia ser persuadido a jogar no Brasil.

Eu e Mauricio acompanhamos o Serginho em uma viagem a Milão. Estávamos acompanhados pelo empresário Zé Renato, que ajudou a facilitar as negociações. Durante duas reuniões, acertamos tudo, desde o salário até a exploração dos direitos de imagem. A primeira reunião durou seis horas e a segunda, cinco horas. No entanto, dois dias depois, o Berlusconi, dono do Milan na época, convidou-o para ficar mais um ano na equipe italiana e ele considerou deixar tudo acertado para o ano seguinte. No entanto, havia preocupações em relação a lesões e preparação física - relata André Silva.

A imagem mostra Seedorf vestindo a camisa do Botafogo, em uma fotografia capturada pelo fotógrafo André Durão do Globo Esporte.

Naquele tempo, existia um conselho que apoiava as ações dirigenciais de Maurício Assumpção. Em princípio, essa equipe era composta por gestores financeiros e jurídicos que não estavam dispostos a contratar, motivados por questões orçamentárias. Porém, o presidente persistiu e, posteriormente, em junho de 2012, negociou com o holandês para concretizar a contratação.

Além das preocupações relacionadas ao esporte, estratégias de marketing atraíram o meio-campista - uma maneira de ampliar a presença do Botafogo no mercado internacional. Ele seria recompensado com uma porcentagem do valor de todas as campanhas publicitárias pelas quais ele fosse contratado pelo clube - além do seu salário regular. No entanto, apesar de sua permanência no time carioca ter durado um ano e meio, apenas um anúncio publicitário foi produzido.

Seedorf estabeleceu vínculos de confiança rapidamente com três indivíduos: André Silva, anteriormente conhecido como diretor de futebol, Anderson Barros, e o treinador Oswaldo de Oliveira. Infelizmente, essas três pessoas deixaram o clube, deixando uma sensação de desconforto no holandês.

André Silva foi dispensado logo após o início do Brasileirão de 2012, em maio - antes mesmo do camisa 10 iniciar sua rotina de treinos no Rio de Janeiro. O meio-campo estreou em 22 de julho, no Nilton Santos, na derrota para o Grêmio. Seis meses depois, Anderson Barros foi desligado, o que permitiu a entrada de Chico Fonseca, o novo vice-presidente de futebol.

Seedorf sentiu-se desconfortável ao chegar ao clube, pois o vice-presidente André foi substituído rapidamente. O novo vice-presidente não se relacionava bem com ele e Seedorf acabou se aproximando mais de Anderson, exigindo uma mentalidade de vitória por parte da equipe. Eu comecei a viajar junto com o time e, em um jogo contra o Atlético-MG no Estádio Independência, fiz uma intervenção com o grupo. Infelizmente, Mauricio decidiu dispensar Anderson e tudo o que havia sido acertado em relação ao marketing, ao fortalecimento do Botafogo e à mentalidade da equipe acabou sendo desfeito, como conta Maíra Ruas Justo, psicóloga do clube entre 2009 e 2012.

Muito jogadores tinham bastante confiança na dupla formada por André e Anderson Barros. Barros, que agora está no Palmeiras, era visto como um elemento crucial por conta de sua excelente interação com os atletas. Porém, com a chegada de novos gestores, as coisas mudaram substancialmente. Foi assim que Seedorf começou a dar sua opinião em vários setores do futebol.

Com uma personalidade marcante e uma trajetória profissional firmada no continente europeu, Seedorf iniciou sua rotina de trabalho no Botafogo com ideias divergentes daquelas que os jogadores brasileiros estavam habituados a seguir. Essa situação causou uma certa surpresa.

Seedorf, o líder do Botafogo, fez uma cobrança ao elenco antes do clássico contra o Fluminense.

O jogador que usava a camisa número 10 não temia chamar a atenção e elevar a voz com seus colegas nos treinamentos. Ele sempre se disponibilizava para corrigir qualquer erro - desde ações táticas até questões técnicas. Em um momento em que um de seus colegas cometeu um equívoco, ele conheceu outra pessoa com quem estabeleceu uma relação significativa: o ex-meio-campista Fellype Gabriel.

Eu estava em Saquarema quando ele decidiu confrontar o Márcio Azevedo e eu não fiquei confortável com a situação. Eles brigaram, mas posteriormente resolveram suas diferenças. Quando eu estava indo para o meu quarto, eu o chamei e dei um grito para atrair sua atenção, apesar de ainda não termos muita intimidade. Eu disse a ele que ele estava certo em relação a lidar com os problemas no momento em que eles surgem, mas que deveria ser cuidadoso com os repórteres porque suas palavras carregavam um peso significativo. Eu destaquei que, a partir daquele momento, tudo o que Márcio fizesse de errado seria criticado pela torcida. Eu tentei argumentar que a cultura do Brasil é diferente, e que ele eventualmente entenderia. Eu fiz uma aposta de que o que ele disse para Márcio seria transmitido na televisão, e fui para o meu quarto. Quando eu liguei a TV, a briga estava sendo exibida no Globo Esporte. Depois daquela conversa, acho que ele percebeu que eu queria ajudá-lo e nós nos aproximamos muito.

Mesmo querendo ajudar, Seedorf acabou frustrando seus companheiros de equipe com sua ansiedade em implementar mudanças em um curto período de tempo. Fellype, por sua vez, atuava como intermediário entre o holandês e os jogadores com quem tinha uma relação mais próxima. Enquanto estiveram no clube, Oswaldo de Oliveira e Anderson Barros conseguiram contornar a situação e viabilizar a aceitação das ideias propostas pelo camisa 10.

Foram apresentadas pelo Seedorf, no Botafogo, algumas ideias interessantes:

Fellype Gabriel revela detalhes da passagem de Seedorf pelo Botafogo: "Amadureci bastante"

Entre todas as situações desconfortáveis, a que mais causou incômodo interno foi aquela que envolveu o hino. O jogador chegou até a ser convocado para uma reunião com membros da diretoria e recebeu a indicação para não abordar mais o assunto. Em 2012, a equipe médica foi aprimorada com a saída de Anderson Barros, e o local de vestiário, apesar de nunca ter estabelecido uma regra formal, passou a ser menos utilizado por dirigentes.

O importante era que ele estava ansioso para mudar tudo rapidamente. Eu avisei que as pessoas ficariam céticas se ele continuasse agindo assim. Muitas das coisas que ele propunha eram plausíveis, embora possa parecer enfadonho. Sempre compreendi a preocupação dele e encarei numa boa. Contudo, implementar tudo isso no Brasil é um desafio. Ele sempre queria que tivéssemos reuniões para resolver os problemas e, em certo ponto, nós ficávamos exaustos de tantas reuniões. Eram reuniões para treinamento, partidas, tudo... - Fellype Gabriel comentou.

Ele adota uma atitude inflexível consigo mesmo e com os outros. Durante uma outra conversa que tivemos quando ele saiu para treinar o Milan, sugeri que ele necessitava ser mais flexível para alcançar sucesso como treinador. Esclareci que era apenas como amigo e que eu não tinha qualquer importância no mundo do futebol. É pela rigidez de sua personalidade que André Silva considera.

Não houve controvérsias significativas no vestiário. Sob a gestão de Oswaldo de Oliveira, a equipe demonstrou habilidades para o que aconteceria em 2013, quando se classificaria para a Libertadores do próximo ano. O clube preto e branco terminou o Brasileirão de 2012 em 7º lugar, com 55 pontos. No entanto, tinha um ponto fraco que resultaria em problemas no futuro: Anderson Barros.

Seedorf segurando o prêmio do Campeonato Carioca — Imagem: AGIF

Desentendimento Com A Gestão

O desempenho do Botafogo em campo teve êxito, mas a equipe sofreu com obstáculos fora dele durante boa parte de 2013. O início do ano foi promissor: Seedorf foi um destaque, o time venceu os dois turnos do Campeonato Carioca e nem mesmo precisou disputar a final para conquistar o título estadual.

Sidnei Loureiro foi contratado para assumir a posição de líder do futebol. Mesmo que não possua o cargo de diretor de futebol, como Anderson Barros, Loureiro exerce as mesmas funções diárias. Consequentemente, ele e Chico Fonseca formam a equipe do departamento de futebol.

Embora tivesse desempenhos satisfatórios, a equipe encontrava-se com remunerações em atraso. Em março, às vésperas de um confronto contra o Madureira pelo Campeonato Carioca, o elenco optou por não se concentrar devido a dois vencimentos e um mês pendente de valores de imagem. O grupo chegou a um consenso de que se reuniria em General Severiano algumas horas antes de cada partida para rumar ao Estádio Nilton Santos.

Sempre existiu um ar de liderança em sua postura, assim como no Jefferson. Quando tomamos essa decisão com auxílio do Oswaldo de Oliveira, foi algo positivo. A equipe possuía muita experiência. Nos reuníamos e lembrávamos aos mais jovens que a responsabilidade era de todos. Éramos extremamente unidos nesse sentido. Liderados por Jefferson, Renato e Marcelo Mattos... Fomos pioneiros no Brasil em não nos concentrarmos. Ganhamos o Campeonato Carioca e conseguimos nos classificar para a Libertadores sem precisar nos concentrar - reitera Bolívar, mais um líder daquela equipe.

Bolívar narra os acontecimentos que ocorreram nos bastidores da equipe do Botafogo em 2013, revelando diálogos acalorados com o jogador Seedorf.

Seedorf era insistente em estar inteirado sobre o que acontecia no Botafogo, desde as atividades no campo até a alimentação dos jogadores. Zeloso com a reputação do clube, o holandês incomodava alguns indivíduos internos pela sua atitude determinada.

Eu o classifico como um indivíduo exigente, porém benevolente. Ele buscava a perfeição em tudo. Quando os mais jovens, Sassá, Vitinho, Cidinho, desejavam seguir uma linha diferente, ele repreendia. Quem já trabalhou ao lado dele deve ser grato. Ele certamente deixou um legado. Para alguém como eu, que conseguiu muitos êxitos, seu legado é significativo. Foi uma fase muito agradável. Não se tratava apenas de ter conflitos, mas de dialogar abertamente. Como capitão em todos os lugares onde joguei, sempre admirei a carreira dele. E ao conhecê-lo pessoalmente, tudo se intensificou. Ele simpatizava comigo, Júlio César, Edilson, Rafael Marques... porque nossas opiniões convergiam bastante. Ele é uma figura de grande importância para o futebol brasileiro - conclui Bolívar.

Ele possuía altos padrões. Essa característica poderia torná-lo um tanto enjoativo, já que todo indivíduo que busca a perfeição costuma ser assim no âmbito da sua carreira. Pode-se imaginar quão exigente Ayrton Senna deveria ter sido com a sua equipe mecânica a fim de que tudo funcionasse de forma adequada, ainda que respeitando as diferenças existentes? Seedorf se destacava pelo seu nível profissional elevado e pela sua exigência. Em 2012, alterei toda a minha equipe médica, ocasião em que ele me aconselhou firmemente. Embora ele pudesse parecer chato, na realidade o seu conselho estava correto - afirma Chico Fonseca.

Debates São Deixados No Vestiário

O início do Brasileirão manteve um ritmo otimista. No primeiro turno, o Alvinegro apresentou um desempenho quase impecável, tornando-se um forte concorrente ao título. Durante a primeira metade da competição, o time disputou ponto a ponto com o Cruzeiro.

O Cruzeiro se destacou em campo e conseguiu vencer o Botafogo em uma partida que foi considerada uma "final antecipada".

Foi exatamente durante um jogo contra a equipe da Raposa que ocorreu um abalo nas estruturas internas. Na ocasião, os dois times estavam separados por cinco pontos na tabela e se enfrentaram no Mineirão, em setembro, pela 22ª rodada, em uma partida de líder contra segundo colocado. Considerando a importância do jogo, Seedorf solicitou à diretoria que organizasse um voo fretado para a equipe ir até Belo Horizonte e que reservasse um hotel com isolamento de dois andares para os jogadores. No entanto, seu pedido não foi atendido e ele reclamou diretamente com Mauricio Assumpção.

Durante o jogo, o jogador que usava a camisa número 10 foi um dos principais personagens, mas de uma maneira ruim. Aos oito minutos do segundo tempo, quando o placar ainda estava 1 a 0 para o time Cruzeiro, o atleta holandês desperdiçou uma cobrança de pênalti. Isso afetou o desempenho do Botafogo, permitindo que a equipe adversária se destacasse e vencesse o jogo por 3 a 0.

Ele se culpava intensamente pelo fato de ter desperdiçado o pênalti. No entanto, conseguimos manter uma sequência notável naquela competição. Embora não tivéssemos muitos jogadores disponíveis, nossa equipe foi uma pedra no sapato para os demais times durante todo o campeonato - afirma Bolívar.

O clube de futebol estava em dificuldades para gerir o elenco, o que resultou em discussões acaloradas. O futebolista holandês Seedorf protagonizou grande parte delas. Ele não se coibia de criticar as decisões dos colegas de equipa no balneário, usando uma voz estridente. Apesar de manter um tom respeitoso e de garantir que as divergências terminam em campo, Seedorf não abria mão de expressar sua opinião.

Jefferson, o lendário líder e comandante do Botafogo, era um ouvinte atento. Na opinião de Seedorf, o número 1 do time deveria ser mais vocal e assertivo com os zagueiros em relação ao posicionamento e táticas de defesa, já que o alto número de gols sofridos pela equipe poderia prejudicá-lo em suas chances de jogar na Seleção. Houve uma acalorada discussão entre os dois, mas Oswaldo e outros jogadores conseguiram interrompê-la antes que ficasse fora de controle.

Jefferson comenta sobre o adiamento dos pagamentos e ameniza a conversa com Seedorf.

Como em qualquer outro time, é impossível ter um elenco com 30 jogadores sem ter alguma discussão no vestiário ou divergência de opiniões. Isto é ainda mais verdadeiro quando há líderes envolvidos. Não existe uma forma certa de liderança - alguns são mais relaxados e compreensivos, enquanto outros são mais autênticos e diretos. Embora nunca tenha havido uma briga física, já houve algumas discussões entre mim e Seedorf, Jefferson e Seedorf, Oswaldo e Seedorf... Sempre que uma situação assim surgia, resolvíamos na hora. Quando sentíamos que havia algo errado, reuníamos o grupo para conversar e solucionar o problema. Palavras-chave: elenco, discussão, vestiário, divergência, líderes, liderança, briga física, resolver, situação, problema.

Em 2013, ocorreu uma grande perturbação devido às saídas de Anderson e de mim. A dinâmica do ambiente de trabalho já não era a mesma. Quando esses indivíduos se foram, surgiram grandes diferenças de mentalidade e, consequentemente, conflitos intensos naquele período. Não havia ninguém para fazer a conexão com os jogadores. As pessoas que ocuparam seus lugares não tinham a experiência necessária - relata Maíra Ruas Justo.

Apesar das dificuldades financeiras, o Botafogo finalizou o Campeonato Brasileiro em quarto lugar, assegurando seu acesso à Libertadores depois de 18 anos. Seedorf foi uma figura importante durante a temporada, marcando 15 gols e auxiliando em nove jogadas.

Às vésperas de 2014, o Botafogo ajustou a data de início da pré-temporada para o dia 7 de janeiro, a ser realizada em Saquarema. Por motivos pessoais, Seedorf solicitou uma reapresentação com uma semana de atraso e sua solicitação foi aceita pela gestão do clube.

A imagem mostra Seedorf e Oswaldo de Oliveira, ambos no time do Botafogo.

Uma alteração significativa ocorreu no grupo, afetando-o profundamente: a saída de Oswaldo de Oliveira, um dos aliados do holandês, que não teve seu contrato renovado. Eduardo Húngaro foi escolhido como treinador para a Libertadores daquele ano, indicação de Mauricio Assumpção. Essa decisão não agradou o ex-jogador, que se sentiu completamente desamparado internamente.

Sentindo-se descontente com compromissos não cumpridos, Seedorf considerou a partida de Oswaldo como uma causa. Após ter recebido um convite direto de Silvio Berlusconi, ele optou por aceitar o posto de treinador oferecido pelo Milan. Em conversas com indivíduos próximos, afirmou que teria permanecido se o técnico tivesse permanecido no clube.

Sou grato pelo projeto do Botafogo e desejo o melhor para o clube. Espero que possam manter a confiança, aprimorar e preservar o que construímos. Muitas equipes podem ter mais habilidades técnicas do que o Botafogo, porém, por causa da nossa mentalidade, conseguimos um desempenho melhor. Continuarei acompanhando o time à distância. Agradeço por essa convivência, repleta de coisas positivas. Agradeço ao Rio, ao Brasil, a todos que estão presentes e a quem não está. Fui recebido com muito carinho. Estou alegre e satisfeito, sem arrependimentos. Nunca esquecerei o Brasil, que me acolheu e onde pude contribuir de forma marcante - afirmou Seedorf na coletiva de despedida em 2014.

A imagem capturada pela Reuters mostra a despedida de Seedorf do Botafogo.

As alterações implementadas por Mauricio de sua primeira para sua segunda gestão afetaram Seedorf de forma significativa. O jogador holandês afirmava que estava em boa forma física para competir na Libertadores, mas não contava mais com os mesmos aliados internos em quem depositava sua confiança.

Chico Fonseca relatou que o indivíduo alertou o grupo que estava em negociações para assumir o papel de técnico do Milan. Caso a negociação se concretizasse, ele sairia do Botafogo. Em janeiro de 2024, ele acabou partindo antes de disputar a Libertadores. Não houve surpresa, pois ele sempre foi sincero e transparente com o clube.

Em 2014, durante um evento amistoso de futebol chamado Jogo das Estrelas, realizado no Maracanã pelo lendário Zico, o ex-jogador Seedorf fez um dos raros comentários sobre seu ex-clube, o Botafogo. Quando questionado se aceitaria o cargo de treinador para o clube, que na época estava vago, após sua breve passagem pelo Milan, Seedorf respondeu de forma filosófica: "Toda história tem um fim".

Desde que o jogador saiu, não houve nenhuma iniciativa conjunta entre o Alvinegro e Seedorf.

Não tenho nenhuma hesitação em afirmar que a contratação foi bem-sucedida. Muitas pessoas argumentam que o custo foi excessivo em comparação aos resultados obtidos, os quais são intangíveis. Inicialmente, tínhamos um contrato pré-assinado com a Caixa para os direitos de nomeação, que seria um dos maiores do país. Entretanto, então surgiu a notícia de que o Engenhão seria fechado. O contratado trouxe muitos benefícios para o Botafogo. Embora tenha sido exigente, nós o compreendíamos e mantínhamos boas relações. Ele contribuiu significativamente para nós - conclui Chico Fonseca.

O Botafogo honrou todos os pagamentos devidos a Seedorf - o jogador holandês recebia uma quantia fixa disposta pouco acima de R$ 700 mil, incluindo direitos de imagem e taxas de projetos de marketing, porém algumas oportunidades para explorar isto foram perdidas. Para obter sua remuneração, Seedorf estabeleceu uma empresa com estatuto jurídico italiano, em um banco internacional.

O Botafogo, que enfrentava uma série de dificuldades financeiras, tinha grandes desafios para arcar com os ganhos de seus jogadores. A administração precisava recorrer aos irmãos Moreira Salles, ricos apoiadores do clube, para obter empréstimos e garantir o dinheiro necessário. Temendo possíveis execuções judiciais, as remunerações generosas, que superavam R$1 milhão ao mês, eram pagas por meio de cheques.

No entanto, Seedorf nunca emitiu notas fiscais para o Alvinegro. Mais tarde, o órgão fiscal italiano questionou a origem daqueles valores e exigiu que ele pagasse impostos. Em 2017, o jogador holandês solicitou que o Alvinegro pagasse uma quantia de R$ 3,97 milhões. Ele acreditava que deveria receber de volta os valores que desembolsou em impostos para a justiça italiana.

Na primeira instância, o time sofreu uma derrota no julgamento, no entanto, na segunda instância, a decisão foi favorável para o clube. O jogador está buscando apelação, mas o caso encontra-se parado em Brasília e aguardando julgamento.

Seedorf desejava exigir quantias que a autoridade fiscal italiana afirmava serem devidas, e o time não era responsável por isso. Em minha visão, o clube está protegido adequadamente. Jamais houve queixa da Justiça brasileira - declara Pedro Ivo Belmonte, advogado da "Capanema e Belmonte" que representou o Botafogo na ação.

Veja agora: tudo a respeito do Botafogo no ge, na Globo e no sportv.

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