Bolsonaro na embaixada da Hungria: como imprensa internacional noticiou estada do ex-presidente

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Bolsonaro Mora Na Embaixada Húngara: Mídia Internacional Noticia Fuga Em Potencial

Várias investigações estão sendo conduzidas contra o ex-presidente brasileiro, como reportaram diversas mídias internacionais.

Diversos meios de comunicação internacionais compartilharam informações exclusivas publicadas pelo jornal norte-americano The New York Times na tarde de segunda-feira (25/3).

As matérias jornalísticas ressaltam a conexão existente entre o ex-presidente do Brasil e o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, os quais são considerados como dois dos principais líderes da extrema-direita mundial.

Conforme consta na notícia do New York Times, a permanência do presidente Bolsonaro na embaixada tinha a aparência de uma "tentativa de buscar refúgio político".

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Alegando ter sido convidado, Bolsonaro discorda dessa representação dos fatos. Através de uma declaração divulgada por sua equipe de advogados, o presidente afirma ter se hospedado contatado diversas autoridades daquela nação amiga, compartilhando com elas informações atualizadas sobre os quadros políticos de ambas as nações.

O texto acrescenta que qualquer interpretação além das informações fornecidas aqui é claramente fictícia e não tem relação com a verdade dos fatos.

O antigo mandatário permaneceu na embaixada da Hungria entre os dias 12 e 14 de fevereiro, logo após a Polícia Federal ter tomado seu passaporte e ter detido o coronel Marcelo Câmara, que foi seu antigo ajudante, e Filipe Martins, que já foi assessor para Assuntos Internacionais da Presidência.

Veja abaixo como os veículos de comunicação do exterior responderam à visita de Bolsonaro à embaixada húngara.

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O New York Times teve acesso às filmagens que confirmam a passagem do ex-presidente brasileiro pela embaixada e, ao relatar a notícia, destacou que esta permanência sugere que Bolsonaro estaria tentando se valer da amizade com Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria e líder de direita radical, para fugir do sistema de justiça brasileiro e evitar as acusações criminais às quais está sujeito.

A matéria também enfatiza que Bolsonaro e Orbán têm uma relação próxima há bastante tempo, "encontrando afinidades como dois dos maiores líderes de direita em países democráticos".

O texto recorda que Bolsonaro já se referiu a Orbán como "irmão". Logo em seguida, Orbán retribuiu o gesto ao rotular Bolsonaro como um "herói".

Finalmente, o New York Times recorda que Bolsonaro afirmou em março não temer ser detido. "Poderia facilmente estar em qualquer outro lugar, mas optei por retornar aqui, mesmo que isso me custe muito", discursou o antigo presidente em um evento há poucas semanas.

O The Washington Post, um dos veículos de comunicação dos EUA, divulgou um artigo que relatou o início de uma investigação da Polícia Federal após a divulgação da visita do presidente Bolsonaro à embaixada húngara.

Segundo o artigo, certos adversários políticos de Bolsonaro valeram-se das notícias veiculadas na segunda-feira para reivindicar a detenção do ex-presidente, sob a alegação de que ele estaria insinuando planos de se evadir novamente.

De acordo com o Washington Post, um informante da Polícia Federal afirmou à Associated Press que a investigação foi iniciada em resposta a um artigo do The New York Times.

Após ter seus passaportes confiscados, Bolsonaro permaneceu por dois dias instalado na embaixada da Hungria, localizada em Brasília.

Das Investigações Em Destaque

De acordo com o jornal espanhol El País, a estadia do presidente brasileiro na embaixada húngara se deu "quatro dias após a Justiça tomar a decisão de apreender seu passaporte como uma medida de precaução, enquanto é investigado por supostamente planejar um golpe de Estado com membros das forças armadas em atividade e reformados".

Segundo o comunicado divulgado, o Ministério das Relações Exteriores solicitou a presença do embaixador da Hungria a fim de prestação de esclarecimentos.

De acordo com o jornal El País, "os processos jurídicos envolvendo Bolsonaro intensificaram significativamente após a sua derrota nas eleições e a perda do poder".

Diversas investigações estão sendo realizadas contra ele, com destaque para a possibilidade de ter planejado um golpe de Estado para impedir a posse do seu grande adversário político, Luiz Inácio Lula da Silva, caso ele fosse eleito nas últimas eleições. Além disso, há também uma investigação em relação a uma possível apropriação de joias oferecidas pela família real saudita e outra por ter falsificado a sua carteira de vacinação. Até o momento, não houve nenhuma acusação formal contra ele em nenhuma das três situações.

De acordo com o alemão Deutsche Welle, Bolsonaro foi julgado no ano passado e é "incapaz de se candidatar a cargos políticos até 2030 por espalhar informações falsas durante as eleições de 2022, quando perdeu para o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva".

A Bloomberg divulgou a declaração de Paulo Gonet, o procurador-geral da República. Ele solicitou "tolerância" para avaliar os mais recentes incidentes em meio a um evento no Congresso Nacional na segunda-feira (25/3).

Durante uma reunião recente, Orbán rotulou Bolsonaro como um "herói".

No Reino Unido, segundo o jornal The Guardian, a embaixada húngara situa-se "a uma distância relativamente breve de carro do palácio presidencial onde, outrora, Bolsonaro esteve instalado".

De acordo com o The Guardian, houve uma ocorrência em 8 de fevereiro, quando os passaportes de Bolsonaro foram apreendidos pela Polícia Federal. Coincidentemente, nesse mesmo dia, o primeiro-ministro da Hungria postou uma foto no X (a antiga plataforma de mídia social conhecida como Twitter) na qual ele aparece cumprimentando Bolsonaro com um aperto de mão.

"Nobre defensor da nação. Prosiga batalhando, excelência presidencial!", publicou Orbán nas mídias sociais.

O motivo da visita de Bolsonaro à embaixada não foi esclarecido, mas ele externou preocupação sobre sofrer o mesmo destino da ex-presidente da Bolívia, Jeanine Áñez. Em 2022, Áñez foi sentenciada a 10 anos de prisão por sua suposta participação em um golpe de Estado em 2019, o qual a levou ao poder após a renúncia do presidente Evo Morales. Essa foi a informação divulgada pelo jornal britânico.

Antes de perder a eleição, Bolsonaro afirmou que só enxergava três possibilidades para o seu futuro: encarceramento, óbito ou triunfo. Entretanto, segundo o vídeo divulgado pelo New York Times, surge uma quarta opção para o presidente: recomeçar a sua vida como um residente na embaixada da Hungria, onde estaria isento de prisão de acordo com as leis internacionais.

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